Na legislatura anterior, quando afirmei que seria um erro para o PSD recandidatar Miguel Albuquerque, fi-lo antecipando exatamente o que veio a acontecer. Estamos novamente a braços com um cenário de eleições antecipadas, e o próximo ano promete ser politicamente intenso para a Madeira.
A Região nunca viveu um período tão conturbado politicamente. É provável que os madeirenses já estejam cansados de tantas “novelas,” mas é essencial não perdermos o foco. Chegámos ao ponto em que estamos devido a uma grave degradação da governação regional, conduzida por quem, apesar de tudo, ainda se julga capaz de sujeitar a Madeira a mais uma teimosia. É evidente que novas eleições não resolverão os problemas nem o libertarão dos processos que recaem sobre si.
Esta postura teimosa, acredito, conduzirá a uma maior fragmentação eleitoral. O PSD sairá ainda mais enfraquecido, enquanto os partidos da oposição terão oportunidade de reforçar a sua posição. Pela primeira vez, poderá estar ao alcance um acordo pós-eleitoral entre forças da oposição, com capacidade suficiente para formar governo.
O Partido Socialista tem aqui uma oportunidade histórica para alcançar o que tantas vezes ambicionou e que esteve ao seu alcance em 2019. Nunca o PSD teve um eleitorado tão fragilizado na Madeira. Estamos a um passo de um ponto de viragem na governação regional, e bastará uma redução de um ou dois deputados para que a mudança finalmente se concretize.
Por isso, reforço: não percamos o foco. A todos os que realmente querem fazer a diferença e contribuir para mudar este estado de degradação política, apelo à união e à determinação. Não nos podemos desviar nem um milímetro do essencial. O combate político deve centrar-se na construção de uma alternativa sólida e credível, com pessoas capazes, sérias e comprometidas com a melhoria da qualidade de vida da população. Precisamos de demonstrar que a Madeira pode ter uma governação responsável e orientada para o bem comum.
O verdadeiro adversário é o PSD. A luta não deve ser pela disputa de segundas ou terceiras posições, pois isso não conduz à mudança. A alternância democrática só será possível se a oposição estiver unida num propósito comum. Por isso, apelo aos partidos da oposição que desejam, pela primeira vez, um Governo alternativo na Região: apresentem-se aos eleitores com propostas claras e realizáveis, que promovam justiça fiscal, com a aplicação do diferencial fiscal, serviços públicos de qualidade e uma governação isenta de favoritismos e compadrios. Precisamos de um Governo que trabalhe com humildade, responsabilidade e seriedade.
Aos eleitores, o apelo é igualmente claro: Não se deixem distrair por questões secundárias nem procurem desculpas para a abstenção. Exercer o direito de voto é fundamental. A alternativa ao PSD existe, e cabe a cada eleitor fazer essa escolha. Criar dúvidas constantes sobre a oposição ou justificar o “não voto” apenas perpetuará o mesmo ciclo de instabilidade e fragilidade governativa. Esta é uma oportunidade real de mudar o rumo da Madeira. Não a desperdicemos.
No final, as contas far-se-ão. Num regime parlamentar, ser o partido mais votado não significa vencer. Vencerá quem tiver a força necessária para formar governo e implementar as mudanças que a Região tanto precisa.
Aproveito para desejar a todos um Feliz Natal, repleto de paz e alegria junto das vossas famílias, que são o que de mais importante temos. E desejo também que 2025 se concretize como o ano da maior afirmação democrática na história da Madeira.