Respeito pelo primado da Pessoa Humana.
No fundo é isto que se espera do Pacto Educativo Global sugerido pelo Papa Francisco a 12 de Setembro de 2019.
Isto implica que, em cada ponto do planeta, em cada Escola, não fiquemos apenas na contemplação estética e passiva deste Documento, como tragicamente é comum na pecaminosa timidez e inação de certos meios católicos em relação a outros Textos Fundamentais, por exemplo Os da Doutrina Social da Igreja Católica.
Aqui, hoje, e se calhar por tantas partes do mundo a esta mesma hora, estarão a decorrer reflexões sobre a Questão Educativa.
Mas, por amor de Deus!...
Se “o amanhã exige o melhor de hoje”, não regressemos às nossas casas com o conforto da simples participação nesta reunião, como se assim já tivéssemos esgotado o cumprimento da nossa missão.
Não! Nada disso!
O mundo está como está, inclusive sob a ameaça da destruição total e colectiva se carregados os botões nucleares, porque a nossa civilização está a perder a batalha da Educação.
A nossa civilização até está pateticamente deslumbrada e passiva ante a maravilha do progresso das tecnologias digitais - e todo o avanço científico é Obra de Deus - pelo que também na área educativa mostra-se incapaz do salto que domine eficientemente estas novas tecnologias.
Há que continuar a desenvolvê-las, sempre ao melhor ritmo possível, mas a par de novos currículos escolares que sejam um crescendo de aperfeiçoamento técnico-cultural da Pessoa Humana, em termos que as máquinas não analfabetizem o espírito e, muito menos, o dominem.
Hoje, o grande embate civilizacional, que irremediavelmente será transferido para o campo político com particular incidência, será o confronto entre o primado da Pessoa Humana e suas Liberdades, Identidades e Valores, de um lado; e, do outro lado, a massificação que acentuará a subordinação da Pessoa Humana aos poderes do dinheiro ou do Estado.
Temos de evitar um amanhã de agressão ou de neutralização da Dignidade da Pessoa Humana. Dignidade que se realiza, concretiza, em termos do Trabalho, e não, como cada vez mais hoje, demagogicamente através das utopias assistencialistas que se transformam em subsidiodependência do Estado.
O tal “amanhã que exige o melhor de hoje”, começa hoje, agora, com um planear do Ensino em cada estabelecimento escolar, onde a par da Instrução exista uma Formação eficiente, tudo com muita Qualidade.
Esta “revolução” até é possível face à autonomia que a Democracia permitiu às Escolas conquistar. Basta que nenhum Professor se deixe intimidar pelo oficialismo, pelo situacionismo e pelo comodismo pôdre que, nalguns sectores públicos, vêm degradando o respeito pela Pessoa Humana e o respeito pela própria Nação Portuguesa.
A “revolução” que Vos proponho, também no campo do Ensino, não passa por rotinas matemáticas ou meramente lógicas. Exige uma mística. Exige uma adesão forte ao Valores em que se acredite, exige arrebatados procedimentos quotidianos.
A Escola oferece-nos tais condições, pois é uma comunidade onde juntando esforços, ideias, sugestões, sem que isso implique a perda da legítima Identidade de cada um, aí é possível um Plano e, depois, o desenvolvimento desse planeamento em termos de mobilizar a Escola para um Ensino que se traduza em transmissão de Conhecimentos, MAIS Formação pessoal.
Se a comunidade escolar assumir a prioridade da Formação de todos e de cada um, constituir-se-á como que numa pequena cidade. A motivação educacional autêntica e empenhadamente vivida será como um motor que anima a razão de sobrevivência e de progresso dessa própria comunidade escolar, assim evoluindo a Escola para uma “cidade” de Aprendizagem e Formação.
Esta concepção de “cidade educacional” aperfeiçoará a distribuição das competências que cabem a cada um, Direcção do Estabelecimento, Professores, Funcionários, Alunos e também os respectivos enquadramentos familiares, que nunca poderão ser deixados fora da comunidade educativa assim organizada.
Mas a Escola como “cidade educativa”, tem de olhar o mundo que A rodeia e perceber duas coisas. Primeira, o financiamento que a Humanidade derrete no uso permanente de material de guerra nalguns sítios do planeta, daria para resolver democraticamente uma percentagem enormíssima de miséria que desrespeita os Direitos, Liberdades e Garantias da Pessoa Humana.
A segunda coisa a perceber é que as ideologias tão mediática e superficialmente vendidas em todo o planeta, porém usadas ou para impôr totalitarismos, ou manter o império do dinheiro, nenhumas, até agora, resolveram eficientemente a questão da Dignidade da Pessoa Humana.
Porquê?...
Porque faltou no Ensino a tal parcela principal que é a Formação. Faltou o que na Pedagogia formativa é fundamental: a convicção de que só a Fraternidade entre as Pessoas trará a Paz; e que só a Paz permitirá uma redistribuição justa dos bens por todo o planeta, sem prejuízo da continuidade do crescimento, quer nos investimentos necessários, quer no desenvolvimento técnico/científico.
Tudo isto de que Vos venho falando, implica uma entrega pessoal de cada Agente de Ensino ao esforço de Formação da Pessoa Humana, uma atitude “revolucionária” para tentativa de mudar o mundo em termos da Fraternidade que conduza à Paz. Diria que são circunstâncias que obrigam ao misticismo de despedir a egolatria e da entrega absoluta à missão de formar a Pessoa Humana. (continua)
* Estrato de trabalho apresentado às Senhoras Professoras e aos Senhores Professores das Escolas à responsabilidade da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora das Vitórias.