MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Deputado

12/06/2021 09:10

Em causa estava a destruição de quase 10 quilómetros de floresta indígena, numa área de Património Mundial Natural como é a floresta Laurissilva, habitat de inúmeras espécies de animais e plantas endémicas da Madeira e da Macaronésia, muitas delas ameaçadas.

Um verdadeiro atentado ecológico suportado por um relatório ambiental muito incompleto, com uma aberrante falta de rigor técnico-científico, incapaz de identificar corretamente as espécies presentes na área, ignorando mais de 500 endemismos da Laurissilva, e que chegou ao cúmulo de considerar o abate de mais de 40 hectares de árvores nativas (o equivalente a 40 estádios de futebol).

Estas espécies foram simplesmente ignoradas! E, logicamente, um projeto desta magnitude terá de garantir o seu estudo, e a correta avaliação dos seus potenciais impactos antes de serem tomadas quaisquer decisões. É esta a razão da existência de Estudos de Impacto Ambiental. São documentos de natureza técnica, que têm como finalidade avaliar os impactes ambientais gerados por atividades e/ou empreendimentos que possam causar degradação ambiental. Por esta razão, poderão ser aprovados ou reprovados (embora alguns autarcas, menos informados, optassem por "reformulá-los" ao gosto do promotor da obra).

Segundo o anúncio do Diretor Regional do Ambiente e Alterações Climáticas da Madeira, Eng. Manuel Ara Oliveira, a Secretaria da Agricultura vê-se forçada a preparar um novo projeto e encomendar um novo EIA, completo, íntegro com rigor técnico e científico que saiba, no mínimo, identificar corretamente as espécies presentes na zona das Ginjas... Um estudo adaptado não ao projeto da obra, mas à riqueza patrimonial que existe neste sítio.

Uma boa notícia que congratula as associações ambientalistas, os movimentos de cidadãos e os partidos da oposição que sempre rejeitaram este projeto e que ficou bem expressa no âmbito da consulta pública, onde uma participação recorde, arrasou esta intenção.

Uma notícia que condena também os membros do executivo regional que ridicularizaram esta posição cívica, contando com a cumplicidade dos partidos que suportam o Governo e que outrora teatralizavam manifestações nas Ginjas à caça de votos.

Hoje ficou comprovado que a aposta nesta pavimentação é errada no presente e está condenada no futuro. Uma lição para (alguns) governantes, que acusavam os opositores de "não perceberem nada do assunto". Enganaram-se! Não só percebiam, como, Juntos, conseguiram travar esta aberração ecológica.

É tempo de (alguns) governantes começarem a aprender que, para atingirmos os nossos objetivos ambientais e metas europeias, temos de valorizar os nossos recursos naturais ao invés de investirmos milhões na sua destruição.

Rafael Nunes, deputado do JPP na ALRAM, escreve

ao sábado, de 4 em 4 semanas

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