MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Psiquiatra

25/06/2024 08:00

Enquanto notícias, pensamentos e opiniões se multiplicam devido à crise na Madeira, há outros verdadeiros problemas que precisam de dedicação de todos para se resolverem. A da Madeira resolver-se-á a seu tempo.

Estamos a viver uma crise humana sem precedentes. Comenta-se que não se sabe o que vai ser de muitas profissões quando os mais velhos deixarem de trabalhar e morrerem. A dedicação ao trabalho e o esforço por o fazer bem feito está a desaparecer. Existem inúmeras profissões em risco de extinção. Poderíamos pensar que a inteligência artificial será a culpada, mas o problema já começou com a revolução industrial e vai-se repetindo. Mas particularmente com as redes sociais, ninguém quer manter os trabalhos “antigos” e “difíceis”, que não são valorizados com gostos.

Grande parte das pessoas prefere o conforto ao esforço, o prazer à edificação. Os mecanismos biológicos do nosso cérebro preferem os atalhos, o prazer rápido e o conforto. Estamos biologicamente determinados a procurar o mais fácil e seguro, para sobrevivermos na selva. Como a selva, no mundo ocidental desapareceu, a comida, as drogas, as redes sociais, a televisão, ... inundaram o nosso mundo interior com estímulos sem fim e acabamos por não conseguir geri-los. O problema é o adormecimento, as adições, o sedentarismo, a obesidade, ... Uns a sofrer porque estão fora da imagem social e outros escravos de a manterem.

Socialmente estamos num caminho muito complicado. A arte, a cultura, a ciência, ... estão a começar a passar para os sistemas automatizados e em vez de nos dedicarmos a sistemas que permitam lidar com os problemas sociais e ambientais, estamos a empobrecer a humanidade. Da mesma forma que as gerações dos 30-50 anos perderam grande parte da capacidade do cálculo mental devido ao uso de calculadoras, as mais novas perderam o raciocínio crítico com o uso da internet e redes sociais. Repito-me quando digo que saíram vários estudos que mostram que as novas gerações estão com sinais de menor inteligência. As novas tecnologias vão determinar a perda da cultura e tantas outras conquistas humanas. Estamos a começar a correr sérios riscos sociais, quando não nos esforçamos pela criação e deixamos a cargo de sistemas automáticos. De forma exponencial o problema agrava-se pela falta de veracidade da informação que circula. Sistemas automatizados produzem conteúdos sem fim que podem determinar resultados de eleições, mas que acima de tudo podem determinar o caminho da humanidade.

Curioso como nos últimos anos, depois da euforia da sobrevivência da pandemia, está a aumentar a irritabilidade e conflito por toda a sociedade... quando é que vamos acordar e abordar os problemas reais? Por exemplo, não consigo compreender como é que ainda não baniram os smartphones nas escolas, nas faculdades, nos trabalhos. Os smartphones têm de ser desligados no ensino e no trabalho. A capacidade de foco e a inteligência estão a diminuir, o extremismo e insatisfação a aumentar. Se as calculadoras acabaram com o cálculo mental, a inteligência artificial vai acabar com a inteligência geral. A humanidade sobreviveu milhares de anos sem smartphones, agora não conseguimos sobreviver algumas horas sem eles?

O agravar da crise social deve-se à tecnologia, mas os problemas já existem há séculos: disparidades sociais, regimes de governação, dignidade laboral, direitos humanos, entre outros. Se dermos dignidade ao resto do mundo, nos seus termos, grande parte do problema desaparece. Somos todos mais ricos, se partilharmos os recursos.

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