Já aqui descrevi várias iniciativas que comprovam a importância da União Europeia no nosso dia-a-dia, apesar de, paradoxalmente, e de forma compreensível, estarmos totalmente alheados disso. É que a maior parte da legislação que regula a nossa vida tem origem na UE, em áreas tão importantes como os transportes, a energia, o ambiente, a agricultura ou as pescas, só para mencionar as mais relevantes.
Um exemplo concreto: estamos em vias de executar uma quase revolução no transporte coletivo de passageiros, com novos autocarros e melhor serviço, com vantagens inegáveis para mobilidade dentro da Região – de toda a nossa Região – que decorre de uma norma da União Europeia, que levou ao lançamento de concursos públicos internacionais para o transporte público de passageiros, de forma integrada e ordenada.
É por isso que recebi com espanto e desilusão a notícia que os candidatos da Madeira para a lista das eleições para o Parlamento Europeu de dia 9 de junho, quer da Aliança Democrática, quer do PS, ocupariam o 9.º e o 8.º lugar, respetivamente. No primeiro caso, uma descida de 3 lugares face às eleições europeias de 2019, e no segundo uma descida de 2 lugares. Consequência? Só com um milagre a Madeira terá um seu representante no Parlamento Europeu nos próximos 5 anos, algo nunca visto desde que Portugal elege deputados para este órgão, já lá vão 37 anos.
Não há como negar; estamos perante um desrespeito para com a Madeira e os madeirenses, que assume ainda mais gravidade quando olhamos para os lugares dos candidatos dos Açores, em que o PS – que é oposição – colocou o seu candidato em 5.º, e o PSD – que é governo nos Açores – tem o seu candidato em 7.º lugar.
Perante este cenário, foi sem espanto, e até com muita satisfação, confesso, que assisti às manifestações de insatisfação dos Presidentes do PSD Madeira e do PSD Açores aos lugares que foram atribuídos aos seus representantes na lista da AD. Sabendo que existe uma regra – não escrita – de rotatividade entre os candidatos da Madeira e dos Açores, o representante dos Açores nunca poderia ocupar um lugar abaixo do 6.º, ficando a Madeira logo a seguir. Porque são estes os lugares que as Autonomias da Madeira e dos Açores merecem, ainda para mais quando o PSD é poder em ambas as Regiões Autónomas, no caso da Madeira há já 48 anos e dos Açores após 24 anos de governo socialista.
O respeito pela Madeira e pelos Açores exigia mais!
No caso do Partido Socialista da Madeira, e apesar do seu candidato ter descido de 6.º em 2019 para 8.º em 2024, e do PS-Açores – também oposição – ter conseguido incluir o seu representante em 5.º, a reação, esperada, de resto, foi totalmente contrária. Só faltou deitar foguetes de satisfação pelo 8.º lugar conseguido, como se alguém acreditasse que o PS de 2024 é o mesmo de 2019, quando conseguiu eleger nove deputados!
Mas esta reação não espanta, e é totalmente coerente, já que demonstra a total subserviência, já crónica, do PS-Madeira a Lisboa, mantendo a dificuldade em sair da posição de cócoras em que se encontra há largos anos perante o PS nacional, que contrasta com a posição combativa do PSD Madeira, que não abdica da defesa da Madeira e da nossa Autonomia, mesmo que isso signifique afrontar as estruturas nacionais e votar contra a lista da AD no Conselho Nacional do PSD. É assim que se defende a Madeira, os madeirenses e a nossa Autonomia, algo que o Partido Socialista nunca fez, e pelos vistos nunca será capaz de fazer.