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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

30/06/2024 08:00

As grandes cidades da Caldeia na Mesopotâmia tinham muitas cidades em honra dos seus numerosos deuses.

Em cada uma destas cidades, situadas nas planícies, erguia-se uma enorme torre chamada “zigurate” ao deus principal da cidade. As maiores torres tinham 90 metros de altura, tendo no alto, em forma de santuário, uma habitação para acolher o deus e, onde também, se ofereciam sacrifícios às divindades pagãs. Na terra de Ur, pátria de Abraão e de Lot, seu sobrinho, existe uma torre com degraus, que tive o prazer de subir e, no alto, ler a narração do chamamento de Abraão, que obedecendo à voz de Deus veio para Harran.

Estas construções, devido ao seu exagerado volume, impressionavam todos os que as viam, incluindo respeito e temor sagrado. As ruínas deste Zigurat foram descobertas em 1923 por uma equipa de arqueólogos chefiada por Charles Wooley.

O zigurate mais importante era o de Babilónia, que muito influenciou os hebreus, cuja descrição foi transmitida de geração em geração, e constituiu um perigo para a fé religiosa do povo de Deus.

O narrador da tradição yavista quer mostrar que o orgulho e revolta contra Deus só lhe traz desilusão e sofrimento. Ele conservou, na sua relação a crença popular das várias línguas que surgiu, por ocasião da construção da grande torre de Babilónia chamada Etemenanki, que significa “Templo fundamento do céu e da terra.”

Os profetas de Israel fazem deste zigurate e de Babilónia o símbolo do mundo contra o Deus verdadeiro. No Apocalipse de São João, Babilónia representa um mundo sem Deus.

Esta narração de Babilónia tem um fundamento verdadeiro e histórico. Foram os povos sumérios e acádicos que invadiram a zona entre os rios Tigre e Eufrates e construíram templos aos deuses na planície, com tijolos secados ao sol e cimentados com betume abundante naquelas zonas petrolíferas.

Os cultos religiosos eram celebrados nos lugares altos e, para isso, construíram esses zigurates altíssimos. O escritor grego Heródoto do século V antes de Cristo, descreve essas torres que ainda hoje descobrimos vestígios. Numa viagem de estudo pelo oriente tive ocasião de visitar as ruínas imponentes da antiga Babilónia, principalmente por causa dos judeus exilados no tempo de Nabucodonosor, o maior chefe desta cidade, que destruiu Jerusalém no tempo do profeta Jeremias. O que mais apreciei foram os salgueiros junto do rio Eufrates, num dia de calor escaldante.

Um grande investigador francês, André Parrot, tem um livro onde descreve as atuais ruínas, muito visitadas, identificando a Porta de Istar, o lugar dos jardins suspensos e da torre de 90 metros de altura, hoje completamente destruída.

Os chefes desta cidade estupenda não queriam viver senão para eles mesmos, sem Deus, o autor da tradição judaica yavista mostra que foi disperso o falso desejo que se opunha a Deus e à liberdade dos homens.

Entretanto, Deus em Ur da Caldeia escolhe Abraão e a sua família para preparar um povo Unido. No dia de Pentecostes, em Jerusalém, povos de diversas línguas, raças e culturas, entendem a nova linguagem universal do amor e fraternidade universal, fruto de Cristo ressuscitado e da Igreja que O continua.

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