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Artigo de Opinião

Doutorada em História / Investigadora

7/09/2022 07:30

Setembro. Este é o mês de inícios, para uns, de continuidade, para outros. É o tempo de regressar à escola. Docentes e discentes. Não docentes. Enfim, toda a comunidade escolar. É o mês em que nos é permitido voltar a fazer parte da mais importante e decisiva experiência de inclusão. Enquanto docentes, mãe ou pai, encarregados de educação, avós, tios, primos, amigos ou colegas, todos nos sentimos convocados a participar nesta viagem que nos levará a percorrer vários caminhos, que nos colocará em algumas encruzilhadas, mas que, acima de tudo, nos conduza a uma escola que integre todos os alunos, que promova a construção de uma verdadeira sociedade cada vez mais democrática e inclusiva. A inclusão só é verdadeira se realizada com a participação de todos, e pensada para todos, e neste processo, todos os agentes educativos são fundamentais. São eles que vão fazer a ponte entre as famílias dos alunos e a escola.

Os pais ou encarregados de educação têm o direito e o dever de participar e cooperar ativamente em tudo o que se relacione com a educação do seu filho ou educando. Falo como Professora, mas também como mãe, como encarregada de educação. Os pais sempre tiveram e, no meu entendimento, nos dias de hoje há, felizmente, da parte destes, uma necessidade cada vez maior, diria até um compromisso, de assumirem um papel fundamental no processo educativo dos seus filhos. Os tempos mudaram. Na pressa do dia-a-dia, a escola deve incentivar a sua participação através de melhorias ao nível da comunicação, das atitudes e no envolvimento das famílias na educação dos seus filhos, dos nossos alunos, as nossas crianças e jovens. Com mais, ou menos recursos, esse esforço tem sido feito. E ainda bem. Vale todo o investimento pessoal e material. É inegável que a colaboração entre a escola e a família está intimamente ligada ao sucesso escolar dos nossos discentes, em especial numa melhoria das suas competências sociais e do seu comportamento.

Muito embora a presença dos pais e/ou encarregados de educação na escola seja cada vez mais uma constante, continua a ser um dos grandes desafios, tornar a sua participação realmente efetiva. Para tal, é necessário que se continue a apostar numa comunicação clara e percetível, entre a escola e as famílias, para que se estabeleça e fortaleça uma relação de confiança e ainda se promova uma cultura de maior envolvimento destas. Quando falo em envolvimento dos pais e/ou encarregados de educação, refiro-me não só ao seu relacionamento com a escola, mas à sua participação de forma mais ampla, nas quais se incluem as restantes atividades escolares. A circularidade de saberes que se estabelece e se acumula entre a escola e a casa, é fundamental. Não posso, por tudo o que isso representa, deixar uma sugestão, enquanto Professora e mãe, que remete para um verbo que a todos nós, que também já fomos alunos e filhos (em idade escolar, entenda-se), continua a fazer sentido: escutar. Refiro-me à disponibilidade e disposição de ouvir os nossos filhos quando regressam da escola. Há dias em que, por variados motivos, não conseguimos dar espaço a esse diálogo. Noutros dias, recuperamos esse crédito e quando damos por nós, já estamos a participar em atividades para as quais nem fomos talhados, na celebração de datas comemorativas, a fazer feiras, a procurar patrocínios para atribuição de prémios, a desenvolver projetos e atividades de voluntariado, entre outras.

Neste artigo, não pretendo relembrar as medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão - organizadas em três níveis de intervenção, a saber: universais, seletivas e adicionais -, que são sempre definidas pelos docentes, ouvidos os pais ou encarregados de educação e outros técnicos que intervêm diretamente com o aluno, apenas partilhar a necessidade da escola reinventar-se, ano após ano, planeando e intervindo, de forma casuística, de acordo com as potencialidades, expetativas e necessidades de cada um dos seus alunos. Importa ainda sublinhar que assegurar uma escola verdadeiramente inclusiva não é, de todo, apenas aceitar toda a diversidade de alunos. Para termos escolas verdadeiramente inclusivas, nas quais, por exemplo, alunos portadores de deficiência cresçam com os outros, em que as práticas curriculares mitigam os efeitos da pobreza, implica planeamento, envolvimento, trabalho colaborativo - sobretudo entre os vários profissionais e, entre estes e as famílias -, desenvolvendo nos alunos, em concreto, e na comunidade educativa, em geral, um verdadeiro sentido de pertença, de inclusão. A perspetiva inclusiva é um desafio constante à escola no seu todo, enquanto espaço dinâmico e social e no qual se privilegia o desenvolvimento, no seu sentido mais amplo. Os trajetos. As individualidades. O respeito pela vida.

Um excelente ano de aprendizagens para todos.

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