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Artigo de Opinião

1/09/2023 08:00

O cenário de 2023 não poderia ser mais distinto de 2019. Quando na altura existiam duas alternativas com capacidade de obter o maior número de mandatos na ALRAM, hoje temos a coligação "Somos Madeira" (PSD-CDS) com clara vantagem na aceitação pública, e um conjunto de pequenos partidos que almejam a melhor gestão interna possível. O PS, por exemplo, que vive uma guerra civil silenciosa, já contando espingardas para o day-after, colocando em lugar cimeiro quem tem tantos militantes na mão(ups!) como inaptidão para o cargo, apresenta uma lista suis generis, de desconhecidos apparatchiks, nada tendo aprendido com o que se passou em 2021, no Funchal. Além das declarações públicas de não disponibilidade, de acusações de que Sérgio Gonçalves é uma marioneta de Cafofo e Iglésias, precisamente da parte de quem sabe bem como isso funciona ( Emanuel Câmara) seguem-se declarações surreais do protolíder , quer quando afirma que Miguel Albuquerque, com 40 anos de calo de confrontos internos e externos, "tem medo" de debater com tão impreparada figura, quer quando afirmou que os partidos do governo apresentar-se-iam em coligação por "terem medo" da alegada força do atual PS! Como não tenho Sérgio Gonçalves por mentecapto, só posso concluir que ele considera os madeirenses um emaranhado de diminuídos mentais.

O presidente do PSD e do Governo mostrou enorme carácter ao não virar as costas a quem (CDS de Rui Barreto), há 4 anos, mostrou sentido de responsabilidade, mesmo tentado por promessas de não sei quantos tachos, num putativo governo de 14 ou 15 Secretarias, tudo misturado naquilo que seria muito pior que uma geringonça, uma verdadeira aberração, que só existiu no desespero de Iglésias e Cafôfo, que juntaria desde a direita conservadora até à extrema-esquerda estalinista, algo que Marcelo nunca aceitaria.

Temos também o JPP, isto se entre a hora que escrevo estas linhas e a sua publicação não decidiu implodir de vez, que, na iminência de aproveitar os votos dos desiludidos do PS, conjuntamente com os votos dos que estão (sempre) desiludidos com a vida, entrou num processo de autofagia, pelas piores razões: a mercearia dos lugarzinhos na Assembleia. Quando o número 2 da única Câmara daquele (ainda) partido clama quinzenalmente pelo boicote eleitoral aos verdinhos, está tudo dito!

Já o Chega mostra ao que vem. Além do desastre, que comentei em artigo passado, que é ir a uma festa de imigrantes e emigrantes, arrasar os próprios, tenta cavalgar a imagem de Ventura, escondendo uma lista absolutamente impreparada. Está inclusive em riscos de não se apresentar a eleições pois as convenções e congressos NACIONAIS daquele partido estão, sistematicamente, eivados de ilegalidades. Qual é, porém, a principal ilação a extrair? É que se trata de um partido profundamente anti autonomista, que desrespeita completamente os madeirenses. Imaginem que era conselho nacional do PSD, aprovar a lista do partido laranja para as regionais. Era um absurdo! Mas com o Chega já percebemos como funciona. É tudo decidido em Lisboa, fatalmente com decisões são ilegais, ficando reservados para os órgãos regionais (a existirem formalmente) o papel de obedientes servis.

O PAN não é muito diferente, com o líder a ser destituído pela "porta-voz nacional" Inês Sousa Real (suprema hipocrisia esta designação, para dar ideia de democracia horizontal sem presidente, só "porta-voz") além de excluído da lista.

Nos restantes, um conjunto de anedotas, com partidos que não conhecem o calendário eleitoral, outros que ainda tentam colar-se a completos desvairados que renunciam após entregues as listas, e outras trapalhadas que envergonhariam associações de estudantes do secundário.

Tudo demasiado mal, naquilo que já foi considerada a "pior oposição de sempre".

Não é por isso, por existir uma falha no sistema chamada "oposição incompetente", que devemos tentar corrigi-la, premiando quem não merece. Seria um absurdo votar em que não tem a mínima preparação para a atividade política, só para "equilibrar" as coisas. Pelo contrário, devemos censurar fortemente os partidos que deveriam ser alternativas, obrigando-os a uma profunda renovação interna e a uma real abertura à sociedade. Não é admissível que, por exemplo, o partido socialista, anuncie anualmente a atração de quadros independentes que, quando vamos ver, estão metidos de cabeça e membros no partido. Este ano com a nuance de ter um número 2 anunciada como novidade no seio socialista, quando há dois anos é vereadora por este partido na CMF. É mesmo tomar os eleitores por imbecis.

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