Ora bem, voltemos ao Marítimo, há dois anos foi "deposto" um regime que já se encontrava ultrapassado. O Clube juntou-se em torno de uma pessoa para derrubá-lo, mas como em todas as revoluções há, as chamadas, dores de crescimento, não esquecemo-nos que tal como o 25 de abril, que todas as forças de esquerda estavam juntas para derrubar o regime salazarista, e que até ao 25 de novembro ocorreu fragmentação das mesmas, algo que, parece, acontecer no Marítimo nos dias de hoje.
Há também outro dado que se pode dizer semelhante, as forças do anterior regime aparecem prontas para voltar a agarrar o lugar, desde ex-cunhados, a ex-senhoras de apartamentos, as mesmas ideias, os mesmos por trás. Ideias que passam pela melhor formação do Marítimo, de relembrar que esta época é a primeira vez na história do clube, que todos os escalões de formação competem na divisão máxima do futebol. Claro que estas ideias esquecem-se que o Marítimo é mais que o futebol, apesar de ser o grande chamariz, como é óbvio. Lembrando a história do Marítimo, houve alturas no passado que o clube só sobreviveu através das suas modalidades amadores, inclusive não tendo futebol, obviamente que nos dias que correm tal é inconcebível.
Mas, o que é que aconteceu de errado nestes últimos dois anos, para estarmos - que é como quem diz, supostamente 50 sócios corajosos que de certeza por medo de represálias, ou serem demasiado feios, deixo o leitor juntar mais algum motivo, não dão a cara por esse movimento - terem solicitado uma assembleia geral destituitiva? Bem os terrenos de Santo António continuam a não pertencer ao clube, é motivo para a revolta dos sócios, percebo isso, mas… estão nas mãos do anterior presidente, tudo correto. Os adeptos têm tido mais voz nas decisões do clube, mais que nos vinte anos, será que por não estarem habituados? O estádio é uma manta de retalhos, construído através de artimanhas e alterações que não pode ser legalizado, motivo mais que suficiente para pedir essa assembleia, mas… então não foi inaugurado com toda a pompa e circunstância há nove anos? Ok, já percebi, os sócios continuam a ser relegados e tratados como adeptos de segunda, jogados para canto e com vergonha dos mesmos, sem apoios nas deslocações e outras coisas, afinal consigo perceber essa assembleia.
Não convém ficarmos enganados por vendedores de banha de cobra. As coisas não estão bem, o Marítimo após anos seguidos na divisão maior do futebol português teve uma descida amarga, há momentos em que a tão afamada profissionalização parece uma utopia, o caso do famoso investidor - que muitos aproveitaram-se da narrativa que a direção vai vender o clube ao desbarato, quando alguém na sua perfeita consciência percebe que tal só acontece se os sócios deixarem, percebo que a última parte faça confusão a muita gente - não deixou boa imagem da direção, se acho que o clube precisa de investidor, é um claro sim, mas precisamos de ver em que moldes, e se há sócios que querem investir no clube, acho bem, nada os impede de chegar ao pé da direção com um proposta.
Posto isto, é curioso ver no discurso dos tão famosos candidatos que falam de direitos televisivos, formação, etc., esquecerem-se de mencionar que o que faz o Marítimo, são os sócios, mas mais uma vez, percebo que isso faça confusão.