A problemática e estas denúncias não são um assunto propriamente novo. Embora, desta vez, às críticas do JPP e da restante oposição, juntam-se as vozes e a revolta de dezenas de produtores que veem os seus rendimentos afetados por 14 anos de secretismo e decisões unilaterais por parte da empresa pública de gestão da banana. Nunca os produtores foram convocados para uma reunião em que lhes fossem apresentadas as contas, nem consultados quanto aos investimentos pagos com o produto do seu trabalho.
A gota de água terá surgido das páginas do mais recente Relatório de Gestão da GESBA, onde são reveladas as verdadeiras prioridades do Governo Regional para este sector.
Um documento que levantou, de imediato, diversas questões:
Como é possível que, em 2021, a GESBA tenha recebido mais de 18 Milhões de euros pela venda de cerca de 20 mil toneladas de banana (o que corresponde a 93 cêntimos/kg), pagando aos produtores 6,7M€, correspondendo a apenas 33 cêntimos/kg?
Como é possível que continuem a reter centenas de milhares de euros de lucros que nunca chegaram ao bolso dos agricultores? Um valor que fica nos cofres da GESBA, apesar do mesmo ter sido negado pelo Secretário Regional da Agricultura, para ser, posteriormente, admitido pelo Presidente da GESBA durante um programa televisivo da RTP-Madeira.
Mas o cúmulo surge com o pagamento de 33 cêntimos/kg ao agricultor (no verão recebem, no máximo, 26 cêntimos/kg) quando as grandes superfícies comerciais no continente vendem essa mesma banana com preços que oscilam entre os 2,29€/kg e os 2,99€/Kg.
A GESBA justifica esta escandalosa discrepância com margens de lucro, recusando-se, contudo, em ceder ao JPP os documentos comprovativos. Não tivemos alternativa… tivemos de recorrer ao Tribunal que decidirá o caso e que (esperemos) permitirá desvendar o paradeiro de mais de 13 milhões de euros que, segundo as contas dos bananicultores, continuam a não estar devidamente justificados.
O certo é que estes 13 milhões de euros poderiam (e deveriam) destinar-se aos produtores, mas a eles nunca chegaram.
Tal situação já era por si caricata... mas rapidamente excedeu-se com os característicos disparates do Presidente do Governo que, sem qualquer conhecimento do sector, veio a público afirmar que o agricultor "recebe muito bem", ao qual se juntou, recentemente, o Secretário da tutela a acenar com uns míseros 10 cêntimos prometidos para o próximo ano (de eleições). Mas o "engodo eleitoral" ficou rapidamente desmascarado pela recusa em refletir este aumento no VALOR FIXO do preço pago ao agricultor, o qual continua a ser inferior ao que era pago há 15 anos!
Esta autêntica trapalhada só vem comprovar a falta de transparência e a desinformação propositada que culmina em malabarismos e contorcionismos dos números nos relatórios oficiais.
Mas, por muito que tentem esconder, e por muito que recorram à ofensa e aos insultos no desespero da falta de argumentos, não desistiremos até que nos justifiquem (com documentos) estas opções políticas de muito duvidoso fundamento.
Ofendam à vontade… mas não nos atirem mais areia para os olhos!