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Artigo de Opinião

9/11/2021 08:01

Primeiro, através do anticomunismo visceral da FLAMA (Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira) uma organização cujo principal objetivo era independência do arquipélago da Madeira em relação ao restante território de Portugal, caso o país sucumbisse à natureza socializante e radical do golpe militar do 25 de abril. Que entre 74 e 75 aterrorizou e lançou o pânico com ataques bombistas vários homens de esquerda no arquipélago. E depois com o regime de ultradireita do Dr. Alberto João Jardim e do Partido Social Democrata, que passados mais de quarenta anos ainda governa o arquipélago. Não é por acaso que surge a expressão "cubano" pela boca do Dr. Alberto João Jardim. Primeiramente, utilizada para apelidar políticos socialistas e comunistas, como é o caso de António Guterres, mas que acabou por se generalizar e ser associado a qualquer habitante do continente.

Não estou aqui para defender qual o lado certo da história, nem as virtudes do socialismo. O objetivo desta introdução era explicar o absurdo deste preconceito ideológico. Ao ponto de qualquer pessoa de esquerda até mesmo do Partido Socialista ser considerado um perigoso comuna na Madeira. A intenção é apontar para o ridículo da situação e para grande contradição no meio disto tudo.

O regime jardinista apesar de abominar o comunismo, curiosamente, acabou por implementar um género de "estado soviético" para a sua clientela política. Perceberam que para se eternizarem no poder dado a fragilidade da economia regional e do modelo económico desenvolvido precisavam criar empregos. Quer através da administração pública como através das empresas dos amigos, meia dúzia de famílias do PSD/Madeira que detêm todos os negócios que contam nesta ilha (na construção, nos cimentos, no turismo, nos combustíveis, na publicidade, no rent-a-car, no teleférico, no futebol, nos jornais, nas rádios). A única diferença é que aqui só garantem emprego aos filiados do partido, enquanto que na União Soviética era um dado universal. Em vez de ser o emprego pleno como na antiga URSS, aqui é só para os amigos. A grande contradição do regime é que para manterem o poder precisaram de uma sovietização do arquipélago. Realmente, o homem só é livre de fazer as suas escolhas políticas sem condicionamentos, se for esclarecido e independente do ponto de vista financeiro. Numa Região, onde a geração de riqueza é diminuta e onde o emprego escasseia, é normal que a maior parte das pessoas façam as suas escolhas políticas não com base na sua consciência, mas com o objetivo de garantir a sua subsistência.

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