A Assembleia Mundial da Saúde, reunida pela 75ª vez, é o órgão deliberativo máximo da Organização Mundial de Saúde. Durante uma semana, os ministros de saúde de todo o mundo reúnem-se em Genebra para discutir as políticas de saúde internacional e, de 5 em 5 anos, eleger um novo Diretor-Geral.
Esta Assembleia foi particularmente especial por coincidir com a reeleição do Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, que confirmou o seu sentido de responsabilidade e liderança aquando da maior pandemia dos últimos 100 anos, tendo recebido um novo mandato sem oposição.
Numa altura em que o trabalho maioritariamente técnico da Organização Mundial da Saúde politizou-se fruto da resposta à pandemia COVID-19, um dos principais temas desta semana de discussão foi como recuperar o tempo perdido, em termos de todos os fatores de risco e doenças que tiveram a sua monitorização debelada durante estes últimos dois anos. Durante a missão tive a oportunidade de presidir as reuniões com os peritos mundiais. Partilho um exemplo que impressionou toda a missão do Parlamento Europeu, em relação ao trabalho perdido: durante o primeiro ano de pandemia a inoculação com as vacinas contra o sarampo, rubéola, tuberculose e tosse convulsa foram atrasadas a nível mundial. De acordo com os estudos apresentados pela OMS, este singelo atraso representa cerca de 10 anos de atraso nos programas de vacinação a nível mundial. Imaginemos quantos anos perdidos para outros programas ocorreram nos últimos 2 anos.
Numa altura em que a principal causa de perda de membros já não são as minas terrestres, mas sim a falta de acesso à insulina, uma substância que foi patenteada a um dólar para permitir salvar o máximo de vidas possíveis; em que a principal causa de cegueira a nível mundial são as cataratas, passíveis de resolver-se cirurgicamente; esta missão demonstrou que ainda há um longo percurso a percorrer para mais e melhor saúde para todos, como plasmado na visão da OMS. Temos as soluções, mas apenas acessíveis para os que tiveram a sorte de nascer e viver em países de alto rendimento, como Portugal.
Mas nem tudo são más notícias. Temos a possibilidade de ajudar aqueles que mais precisam através de uma distribuição mais equitativa de recursos. E também podemos legislar sobre os fatores de risco conhecidos para várias doenças, como o cancro, diabetes, doenças cardio-vasculares, doenças pulmonares crónicas, entre muitas outras.
Plasmado nesta missão que cumpriu em pleno os objetivos propostos foi a importância da União Europeia, através das suas diretrizes, em atuar e guiar o resto do globo.
Todos os anos, a poluição do ar provoca 7 milhões de mortes a nível mundial. Não é com surpresa que ouvimos, e com razão, que a ação climática, como a que estamos a discutir no maior pacote legislativo negociado no Parlamento Europeu, significa mais saúde. Melhor qualidade do ar que respiramos, da água que bebemos, dos alimentos que consumimos, a redução da pegada dos produtos que utilizamos, todas estas discussões que acontecem atualmente no Parlamento Europeu e em cada um dos parlamentos dos 27 Estados-Membros da União Europeia. E porque a UE é o guia na ambição de alcançarmos um mundo com mais e melhor saúde para todos e porque melhor qualidade do ar, da água, dos alimentos e dos produtos que consumimos significa mais e melhor saúde para todos. E se esse argumento não for suficiente, a ciência também prova que cidadãos mais saudáveis significam ganhos em saúde na casa dos milhares de milhões de euros.