Em Portugal, estima-se que cerca de 10 mil animais domésticos sejam abandonados por ano, existindo cerca de meio milhão de animais sem dono no país. O abandono animal ocorre geralmente com o aproximar da época estival, sendo que o desinteresse pelo animal, ninhadas inesperadas e fatores económicos são apontados como as principais razões.
O abandono animal é um flagelo que tem de ser abordado e trabalhado ao nível da prevenção. Um animal abandonado nas ruas é uma ameaça real à saúde pública dado poderem ser transmissores ou reservatórios de zoonoses (doenças transmitidas de animais para seres humanos). Os animais errantes podem ainda contribuir para acidentes rodoviários, causar receios aquando da circulação na via pública, entre outros problemas.
Ontem foi dia de pararmos e refletirmos sobre esta temática. Foram várias as iniciativas espalhadas um pouco pela região que promoveram a adoção de animais abandonados. No entanto, importa notar que a adoção de um animal é uma decisão que deve ser ponderada dado o compromisso que o mesmo implica. É um ser vivo e a sua sobrevivência e bem estar dependerá exclusivamente do(s) seu(s) cuidador(es).
Em pouco mais de um mês, a 26 de setembro, elegeremos os nossos representantes locais para a Junta de Freguesia, Assembleia Municipal e Câmara Municipal. Apesar da silly season, o clima aquece e são já várias as propostas apresentadas nas mais diversas áreas para os diferentes municípios e freguesias.
A causa animal tem sido tema de campanha para as eleições autárquicas que se aproximam e alvo de propostas por parte do PS-Madeira nas suas diversas candidaturas. Importa ressalvar que este é, aliás, um desígnio que já acontece nas câmaras onde o PS Madeira é poder na RAM. O canil municipal, campanhas de desparasitação, de vacinação e esterilização. Ações importantes que contribuem direta e indiretamente para que o número de animais errantes diminua e para que, financeiramente, a capacidade de cuidar de um animal chegue ao maior número de pessoas.
A nível nacional o Governo da República tem disponibilizado verbas para os municípios desenvolverem políticas à volta da causa animal, como a construção de canis e gatis. Na Madeira, sendo esta uma competência regionalizada, nomeadamente a gestão dos fundos, o Governo Regional não adotou medidas idênticas às nacionais, deixando os municípios da região para trás para obter financiamento para desenvolver estas mesmas políticas. Mais podia ser feito.
São inúmeras as vantagens de ter um novo amigo em casa. Reflita, informe-se e adote responsavelmente um animal abandonado.
Sara Cerdas escreve
ao domingo, de 4 em 4 semanas