Hoje, é Dia de Natal. Pensei muito sobre o que escreveria. Sobretudo tendo em conta o que gostaria de ler neste dia. Tenho a dizer que talvez tenha sido um dos artigos que mais me levou a refletir. Sobre tanto e sobre quase tudo.
Mas, estando em dezembro, tudo é sempre demasiado. O que se come, o que se bebe, o que se corre (mesmo dentro de casa), numa azáfama que mais nenhum mês consegue igualar. Dezembro é dezembro. É também um caminhar para mais um final de ano. São os projetos que não terminamos. São os que nunca passaram disso mesmo. E um turbilhão de emoções.
Em dezembro e neste Dia de Natal, tudo é realmente em grande. Entre o barulho dos tabuleiros e das panelas, e os cheiros que teimam em chegar a todas as dependências da casa (porque há sempre quem não feche a porta da cozinha), oiço, ao longe, um som maravilhoso dos clássicos de Natal. Só podia ser o extraordinário ‘Hotel Califórnia’, da Rádio Renascença, pensava eu, enquanto a batedeira ainda não tinha cumprido a função de colocar as claras num ponto de neve. Em castelo. E era, de facto, a Renascença. A partir daí, era só música. Da boa, digo eu. As melhores, para mim.
O Paulino Coelho e o Júlio Isidro, numa edição especial. Tão bom. É o meu tipo de programa. Sobretudo no Natal. Entre um e outro êxito, a explicação que é sempre mais uma lição de História. Sobre a humanidade. E a música. Não saberia viver sem ela. Dei por mim, já estava ‘toda louca’ (como dizem os meus filhos), a cantar. Ou a fazer algo parecido.
A verdade é que não sei cantar. Mas sou seletiva, dizem. E, pensando bem. Sou, literalmente.
Em todos os aspetos. Fui ouvindo, entre um abrir e fechar de portas. Pelo vento, a maioria das vezes. De todas as que passaram no programa, há uma canção que não me canso de ouvir. Pela beleza da sua melodia, o impacto da sua mensagem e pelo facto de ter salvado vidas. O ‘Do They Know It’s Christmas?’ (1984), com a realeza da pop britânica - BAND AID - dos idos anos 80. Era eu criança. Tal como elas. As crianças da Etiópia, que sofriam, esfomeadas, pelos efeitos devastadores de uma seca extrema. Depois há a ‘Last Christmas’ (1984), dos Wham, de George Michael e Andrew Ridgeley. Incontronável.
Pela sua origem e pelo seu êxito. Na RR contam a sua história. Com os pormenores incríveis e aquela entoação que só o Paulino Coelho e o Júlio Isidro conseguem. Dexei para último, o clássico de Natal que lidera os tops e nos acompanha em todo o ciclo vital: ‘All I Want for Christmas Is You’ (1994), de Mariah Carey. Sobre esta canção julgo que já tudo foi dito e escrito. Aliás, por hoje, já me alonguei, de novo, na escrita. Falo tanto como escrevo. Não queria ser maçadora. Nem ‘pesada’. Na forma e no conteúdo. Para isso, basta ligarmos a televisão. Num qualquer dos meus canais preferidos, os de notícias.
Na cozinha, tudo apita. É hora de regressar. De volta às panelas e aos tabuleiros. Cansada, mas feliz. Pela casa cheia. De cheiros, pelo abrir e fechar de portas. E das minhas pessoas. De coração cheio. Agradecida. Afinal, hoje é Dia De Natal.