Fizemo-lo com maior emotividade e significado junto a este monumento de homenagem cuja existência se deve ao executivo camarário que presido numa iniciativa que se deve ao facto de termos consciência que somos feitos de História e de memórias e que a elas devemos dar o devido valor, valorizando, simbolicamente, o heroísmo e a coragem não só dos combatentes naturais e residentes no Porto Moniz, mas de todos quantos, nos mais diversos cenários e contextos, lutaram em nome da sua Pátria.
Portugal é um país de abril. Ainda assim, estamos habituados, erradamente, a assinalarmos com mais ênfase efemérides de finais felizes e esquecermo-nos de que esses finais só se conseguiram, muitas vezes, com etapas importantes demais para serem esquecidas ou menosprezadas.
Honrou-nos profundamente que fossem no Porto Moniz lembrados todos quantos estiveram presentes em La Lys e no Ultramar em nome de Portugal.
Muitos portugueses foram aí feitos prisioneiros, vários ficaram feridos ou perderam a vida com números demasiado expressivos para serem esquecidos.
Até um passado bem recente os cenários de guerra pareciam afastados das mentes das gerações mais novas e o significado destas datas que hoje assinalamos pareciam apenas dizer algo aos que nelas se envolveram diretamente como combatentes, aos seus familiares e a todos quantos sofreram privações decorrentes de conflitos bélicos de grandes proporções, com repercussões mesmo para quem fisicamente se encontrava distante.
Num ápice, a guerra deixou de ser um cenário hipotético e passou a ser uma realidade muito próxima de todos nós. À tenebrosa tempestade provocada por esta guerra a Europa está a responder com solidariedade que não evita as baixas e a destruição, mas que seguramente contribuirá para dar alguma atenção e dignidade a quem em desespero foge deixando uma vida de trabalho para trás, deixando filhos e maridos, que há pouco mais de três meses, provavelmente, nem sabiam pegar numa arma, e que hoje se vêm na situação de combatentes.
Deve servir-nos de exemplo a valentia e coragem dos que serviram a nossa pátria como combatentes, bem como dos militares que ainda representam o nosso país em missões de paz. Deve servir-nos de exemplo quem luta por si próprio e pelos outros sem baixar os braços e muitas vezes com sacrifício da sua integridade física ou da própria vida.
Não nos cabe a nós discutirmos as razões que estão por detrás das batalhas passadas ou das batalhas do presente. Importa respeitarmos e homenagearmos os que, sem poder de decisão, estiveram envolvidos nos conflitos bélicos do passado e nos mostrarmos solidários com quem presentemente, de igual modo, sofre com as consequências nefastas da guerra.
O momento atual ajuda-nos a valorizarmos o clima de paz e serenidade em que vivemos e a demonstrarmos a nossa solidariedade a quem se vê privado da possibilidade de prosseguir normalmente a sua vida devido ao despoletar de uma guerra.
Mesmo quando as guerras envolvem nações podemos e devemos agir localmente para que possamos assistir a efeitos de nível global. A essa razão se deve o facto do concelho do Porto Moniz se ter associado ao Movimento dos Municípios pela Paz, cujas ações se baseiam nos dez compromissos inspirados nos princípios da Carta das Nações Unidas e nos valores de abril.
A defesa da paz, a cooperação e a solidariedade, valores fundamentais para o desenvolvimento humano, são o principal desiderato desta parceria entre municípios, que procura também envolver a comunidade e o associativismo local na realização de ações de sensibilização para a paz. A paz que se quer para o mundo inteiro e que começa com gestos pequenos, em localidades pequenas.