As irmãs Vitorianas, alegram-se e rejubilam com mais um aniversário da sua Fundadora, a Serva de Deus Mary Jane Wilson. A Congregação para a Causa dos Santos ao estudar e discutir a heroicidade das suas virtudes, estando presentes sete consultores muitos exigentes, ao terminar o debate, o promotor da fé escreveu: “Todos os consultores deram voto afirmativo”.
O estudo minucioso das nove comissões de teólogos experimentados nestas matérias, reunidos separadamente, chegaram à mesma conclusão afirmativa.
A Diocese do Funchal, durante o meu tempo de episcopado, organizou um processo de 700 páginas sobre a heroicidade e forma de santidade desta grande mulher, fundado em testemunhos.
Quando era estudante de teologia na Universidade Gregoriana de Roma, passei um mês de férias na cidade inglesa de Manchester, e, como na Congregação ninguém tinha informações para iniciar o processo de canonização, pedi ao saudoso Padre Kehoh, pároco de Santo António, para me ajudar a encontrar dados seguros na cidade de Londres onde vivera a Madre Wilson. Conseguimos o que procurávamos, e do Funchal seguiu uma religiosa para Londres a procurar dados e iniciamos o processo tão desejado e necessário para conhecer a vida e conversão de Jane Wilson, que sendo anglicana sentira o florescimento católico na Inglaterra, devido ao movimento de Oxford fundado pela santo Neuman.
A documentação foi reunida 23 anos após a morte da serva de Deus. A Madre Wilson, ou a “Boa Mãe”, como era conhecida, veio para o Funchal, cidade então conhecida como propícia para curar a tuberculose, em companhia de uma amiga que acompanhava um filho tuberculoso, sendo ela enfermeira diplomada num hospital de Londres. Ao chegar à Madeira ficou deslumbrada com a beleza da natureza, das flores, do nascer avermelhado do sol, dos rochedos; ao mesmo tempo ficou triste e perturbada com a pobreza das crianças, a falta de escolas, os doentes sem cuidados, os padres desrespeitados, os religiosos expulsos dos conventos pela legislação maçónica, um espetáculo desolador que lhe dilacerou o coração.
Apesar de tudo, Miss Wilson sentiu que Deus queria que ela permanecesse na Madeira, para amar e servir a todos, todos, todos... Falou com o Bispo Dom Manuel Agostinho Barreto, perseguido pela maçonaria, que lhe pediu para o ajudar na evangelização, na escola para as crianças, no cuidado dos doentes, na preparação de remédios nas farmácias, na cura dos variolosos, na obtenção de ofertas monetárias entre os ingleses residentes na Madeira, no seminário para os estudantes no Mosteiro de São Bernardino em Câmara de Lobos. Como fazer tudo isto sozinha, parecia um terreno devastado moralmente por uma guerra ou talvez um dilúvio. Foi a Londres pedir auxílio, mas nada conseguiu, é sempre assim os que têm muitos bens materiais têm um coração apegado às riquezas, voltam as costas aos humildes, levam para o túmulo um saco vazio de boas obras, como aconteceu com o rico avarento do evangelho. Miss Wilson não desiste, sempre encontra no Funchal alguns corações misericordiosos. Ao visitar o Hospício Rainha Dona Amélia encontrou uma jovem trabalhadora, inteligente, educada, com 18 anos, órfã, de nome Amélia Amaro de Sá.
Começaram a rezar em conjunto, hoje a Congregação está presente nos quatro continentes, a amar e servir a todos, todos, todos...