Escrevo este artigo na noite de terça-feira, dia 26, um dia triste para a democracia portuguesa, onde pela terceira vez foi votado o nome para Presidente da Assembleia da República, a segunda figura do estado, que rico serviço. Parece uma sina lusitana, para este cargo os coitados têm de passar quase sempre por uma humilhação pública, só lhes falta terem de passear por São Bento em pelota e a cantar o Olarilolé. A votação ficará adiada para o dia seguinte, um impasse que põe a casa da democracia a marcar passo e o país a assistir estupefacto, uma lição de uma eleição. Claro que os doutos comentadores já desenharam teorias e estratégias maquiavélicas, mas para mim é pura falta de sentido de estado ou de vergonha na cara, daquela que para alguns só se ganha com um pau pelas arcas dentro ou com um vime nas canetas.
Escrevo também antes de conhecida a decisão do Senhor Presidente da República relativamente ao cenário político da Madeira, entre a convocação de eleições ou a manutenção do actual quadro de forças com votos renovados de legitimidade interna e de apoios externos. Serão ouvidos os partidos e o Conselho de Estado e da cabeça do presidente sairá uma solução, uma definição, muito provavelmente uma nova eleição, parece que Marcelo ainda não aprendeu a lição. Este ano será o ano das eleições, o ano de todas as eleições, espero que se retire delas algumas lições.
Nos Açores, o PSD esteve bem, reforçou a sua votação ficando a três deputados da maioria absoluta e vai governar com maioria relativa. Bolieiro deu uma lição de coragem e de determinação e vai com certeza fazer um bom trabalho. Na Madeira, o PSD também esteve bem, apresentando um excelente resultado nas eleições para a Assembleia da República. O PSD Madeira e o CDS Madeira elegeram três deputados que vão dignificar a nossa terra e lutar acerrimamente pelo nosso povo. Os madeirenses deram uma lição, mostraram fibra, mostraram que não gostam de ser tratados como portugueses subsaarianos. Na Madeira e no Porto Santo a consciência de que foram ultrapassados os limites do aceitável ficou claramente demonstrada na votação do passado dia 10 de março. Margareth Thatcher numa entrevista em 1988 disse: “O tribunal é o local onde se trata da justiça, no dia em que se julgue pela televisão ou se culpe por uma acusação, nesse dia, a liberdade morreu” e não poderia estar mais certa. Os madeirenses querem continuar livres e senhores do seu destino.
Claro que não só de eleições Regionais ou Nacionais se pode retirar lições, em eleições partidárias também se pode interpretar comportamentos e pensamentos, falo, pois, das eleições interna do PSD Madeira que ocorreram no passado dia 21 de março. Os resultados demonstraram que a liderança de Miguel Albuquerque tem a aprovação clara dos militantes e que estes querem a sua força, a sua determinação e a sua visão, não só para o partido, mas também para a Madeira. Nestas eleições o partido deu uma lição, mostrando um partido dinâmico e participativo. Passadas as contagens é tempo da responsabilidade e da militância, da verdadeira militância, pois a militância não se pode esgotar no acto da votação numa determinada lista, num partido há sempre muito para fazer. O PSD não é o partido do Miguel, do Manuel ou do António, é de todos e conta com todos e todos podem contar com o PSD.
Vamos ter muito provavelmente eleições regionais antecipadas, e serão eleições determinantes para a nossa terra e para as nossas gentes. Temos algumas nuvens negras no horizonte, mas o destino está traçado e não nos vamos atemorizar pela demagogia e oportunismo de uma trupe de fanfarrões “chegados” à direita. O PSD Madeira vem de uma linhagem de corajosos democratas autonomistas, temos de encontrar soluções para uma classe média fustigada pelo socialismo, uma função pública agastada e um tecido empresarial castigado pelo assistencialismo exuberante. Vamos então e sem receio disputar estas eleições e dar mais uma vez uma lição de social-democracia.