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Artigo de Opinião

Deputado

3/08/2024 08:00

Com o término da Sessão Legislativa, é justo dizer que os últimos meses de vivência política terão, certamente, lugar cativo na História da Região.

Depois da maior crise de credibilidade política e de instabilidade que se viveu em 48 anos de Autonomia, provocada por casos de alegada corrupção e, posteriormente, pela irresponsável retirada do Orçamento por Miguel Albuquerque e pelo seu conluiado CDS, foram muitas as palavras atiradas ao vento, apelando a um sentimento de “compromisso, responsabilidade e estabilidade”. Tudo o que nunca respeitaram. “Para falar ao vento, bastam palavras, para falar ao coração são precisas obras” – ensina-nos o Pe. António Vieira.

A 26 de maio, a resposta veio novamente do Povo Soberano, com o PSD a obter os piores resultados eleitorais da sua história e, sangrando internamente, perdeu confiança, mandatos, e, pela terceira vez consecutiva, a maioria parlamentar que lhe garantiria uma confortável governação.

Os Madeirenses e Porto-Santenses disseram, de forma inequívoca, que queriam mudanças que fossem rapidamente plasmadas no Programa de Governo e no consecutivo Orçamento Regional.

Os madeirenses pediam reais soluções que dessem resposta aos problemas com os quais se confrontam. O mais premente, a crise na habitação, sem dúvida alguma. É cada vez maior a escassez de moradias a preços acessíveis, fator que, conjugado com as rendas de habitação demasiado elevadas, a especulação imobiliária e a inflação galopante, penhoraram o sonho de milhares de famílias madeirenses terem uma casa.

Famílias que se veem confrontadas com a maior taxa de risco de pobreza e privação material do País. Uma lista indigna, que condena 72 mil madeirenses com baixos rendimentos a uma vida de vulnerabilidade e dependência do apoio familiar ou da ação social.

Precisávamos de soluções urgentes na Saúde, que aliviassem os tempos de espera e reduzissem o número de pessoas em listas para exames, consultas e cirurgias.

Precisávamos de compromissos solenes, que se “lembrassem” de que nos supermercados, padarias e barracas todos continuamos a pagar preços de turistas. De que os madeirenses continuam a suportar mais impostos do que os açorianos. De que o preço de uma simples garrafa de gás é 10 euros mais cara na Madeira do que nos Açores. De que o custo com o transporte de mercadorias é o mais caro do País (e todos sabemos para onde vai este – nosso – dinheiro).

Precisávamos de um passo corajoso e decisivo de todos aqueles que rasgavam as vestes pelo combate à corrupção, pela transparência e pela acérrima crítica a um modelo esgotado de 48 anos de vícios, compadrio e monopólios.

No entanto, esse passo nunca existiu, e rapidamente assistimos a um espetáculo de um deprimente camaleonismo político, onde CDS, IL e CHEGA optaram por colocar todos os seus avales e apoios na continuidade de Miguel Albuquerque (e dos seus “mais próximos”).

Não honrar a sua própria palavra poderá ser conveniente e trazer benefícios pessoais, mas em política, não raras vezes, essa mutação é o espelho de interesses e jogadas combinadas. Tal como os camaleões, que podem mudar completamente de cor quando veem um potencial parceiro, exibindo as mais inimagináveis cores para encantar esse parceiro e com isso garantir uma alta sobrevivência para a prole.

Uns afiançavam “Renovação e Credibilidade”, criticavam o parceiro PSD por terem sido “desrespeitados” e garantiam ao seu eleitorado que jamais voltariam a ser “muletas de uma maioria relativa do partido social-democrata”.

Outros diziam estar “completamente fora de questão” acordos, coligações, entendimentos e negociações com aqueles que levaram a Madeira à falência. Mesmo os fervorosos do “não é não” e os defensores de que “a Madeira tem mesmo de mudar”, rapidamente se deixaram envaidecer, transmutando-se para viabilizar o Governo daqueles que tanto criticaram, e na hora em que podiam fazer a diferença e mudar, não o fizeram. Serão julgados pelos madeirenses no momento certo!

Uma atitude camaleónica de quem, sem olhar a meios, aguçou o instinto de sobrevivência política e traiu as populações! Porque é disso que se trata: traição e subsistência. É tão simples quanto isso!

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