As cartas abertas de natureza política dirigem-se geralmente aos líderes partidários. Esta carta, ao invés, dirige-se aos verdadeiros agentes de mudança: os militantes do PSD/M.
Apesar de todos os condicionalismos estatutários (que podem sugerir o oposto), não há estratégia eleitoral que vingue se esta não se basear na auscultação do militante de base. Coesão interna não se decreta unilateralmente, não se cinge ao exercício de divisão dos cargos públicos, nem se estabelece pela coação da liberdade.
Ao militante social-democrata lanço o desafio: ousar, ambicionar e definir um partido mais inclusivo, mais igualitário.
Exigir mais social-democracia. Um partido que defenda claramente o seu posicionamento ideológico junto dos madeirenses. Afinal, o que é a social-democracia madeirense? Já o defendi no passado: é a social-democracia atlântica, que através dos instrumentos autonómicos consegue resultados positivos, para alavancar o bem-estar da população. Cujos resultados em áreas como a educação podem e devem servir de boas práticas a “exportar” para o todo nacional. É para isso que serve a autonomia e não para alguns se servirem dela.
Definir linhas claras. Ao abraçar efetivamente a social-democracia, torna-se impossível andar de mão-dada com partidos de extrema-direita. Qualquer abertura em contrário fere de morte a base ideológica do partido.
Obrigar à retidão dos nossos representantes. À semelhança do que os candidatos dos dois maiores partidos políticos devem assinar a nível nacional, também os candidatos e detentores de cargos públicos do PSD/M devem sujeitar-se ao escrutínio interno através da prévia assinatura de um compromisso ético de honra. Um documento que, para além de abordar a situação judicial dos indivíduos, ateste, ainda, o comprometimento dos candidatos com a causa pública, que não pode ser colocado em risco devido a eventuais atividades contrárias a essa causa.
Promover a transparência no funcionamento dos órgãos do partido. Que, por exemplo, as conclusões dos Conselhos Regionais espelhem efetivamente um debate interno, sem receios de demonstrar pluralidade de opiniões neste órgão regional. O partido não pode recear divergências, pois só tem a ganhar com a diversidade, espelhando assim a própria sociedade madeirense. Que se acolha o debate em vez deste ser vergonhosamente apupado.
Numa verdadeira social-democracia (que respeita ambos os termos deste conceito), os dirigentes servem o partido e não os militantes que servem as cúpulas ou o partido que serve aos dirigentes. É por isso que ela é social: porque reúne a todos num propósito. E é por isso que é democracia: porque o voto de um é igual ao voto de qualquer um dos outros.
É tempo de recuperar a confiança da população no projeto social-democrata, independentemente dos custos individuais que isso possa vir a acarretar, começando por virar o partido para o futuro que se pretende construir para a nossa região.
Em suma, defender um partido vivaz, democrático e contundente. Porque é isso que os madeirenses merecem.