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Artigo de Opinião

Comunicação - Assuntos da UE

6/10/2021 08:15

Sou a única portuguesa na minha empresa. Muitos italianos, franceses, gregos, belgas. Gosto de acreditar que trago um pouco de Portugalidade - e de Atlântico - para o escritório. Ainda no outro dia uma colega dizia-me o quão impressionada estava com o facto de Portugal estar a liderar no mundo a vacinação contra a Covid-19. E é de facto impressionante.

O sistema de saúde Português esteve à beira do colapso. Nós vimos o fundo do poço em Janeiro. Fomos inundados com pedidos de médicos, enfermeiros, trabalhadores da linha da frente que esgotados passavam pelo - quiçá - período mais negro das suas carreiras. E tal desbravados navegadores que somos, enfrentamos a tormenta e a bonança foi chegando.

Nove meses depois, Portugal está entre os líderes mundiais em vacinação, com cerca de 86 por cento da população de 10,3 milhões de pessoas totalmente vacinadas, contribuindo para que todos os indicadores de gravidade da pandemia estejam a descer rapidamente. A taxa de mortalidade é já metade da média da União Europeia!

‘Go, Portugal!’, dizia a minha colega estoniana. Mas não podemos parar por aqui. Infelizmente, o que tenho visto por Bruxelas, é que as pessoas estão demasiado despreocupadas. O uso da máscara ainda é obrigatório em ruas cheias e transportes, mas mais e mais pessoas, mesmo em transportes públicos lotados, já nem a usam.

Parece-lhes difícil de perceber que a guerra não está ganha. Se estamos mais perto do fim da linha do que estávamos em Março de 2020? Indubitavelmente. Mas muitos oficiais de saúde ainda estão preocupados com uma onda de Inverno e um aumento das hospitalizações. Não só na Bélgica, não só em Portugal. E a vulnerabilidade das pessoas idosas é algo em ter em conta. É certo que a maioria da população idosa já está vacinada, mas também a maioria foi vacinada há mais de meio ano - e estudos de todo o mundo, dos Estados Unidos a Israel, alertam para uma queda na protecção após vários meses.

Acredito que por esta altura já todos - espero - percebemos a gravidade do vírus. Eu tive, apanhei Covid-19 nos primeiros dias de Janeiro de 2021. Mesmo tomando todas as precauções, acabei por começar 2021 isolada no meu quarto, com dores pelo corpo, dificuldades em respirar, sem forças. E 10 meses depois, o meu corpo ainda está a recuperar. Não tenho a mesma capacidade física que tinha em Dezembro de 2020. Até falar e andar ao mesmo tempo deixavam-me sem ar, nos primeiros meses depois do vírus. E tenho 28 anos, sem problemas de saúde. Portanto sim, afecta jovens, adultos, idosos, ricos, pobres, quem for. Uns de uma maneira e outros de outra. Mas as mazelas ficam.

Há um ano escrevi que o maior vírus é a individualidade. É encorajador perceber que estava errada e que Portugal está a dar um exemplo para o Mundo ao mostrar que, quando confrontados com adversidade, somos um povo unido e com senso comum. Agora espero que este exemplo inspire os restantes concidadãos europeus e que daqui a um ano esteja a escrever sobre o fim do túnel. Com celebrações e sem distância.

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