E foi com esta imensa honra e imensurável gratidão que o JPP viu o seu trabalho reconhecido, com a eleição de 5 deputados e com a maior confiança de sempre em atos eleitorais ao nível regional, expressa em mais de 14 mil votos.
Quando muitos vaticinavam o fim deste movimento de cidadãos, atrapalhavam-se em discursos de ódio e profetizavam a desgraça de um suposto "fim de ciclo" e de um "projeto esgotado", o Povo foi novamente soberano, percebendo a intenção dos ditos profetas que, nas últimas décadas, perderam acuidade e insistiram num modelo esgotado que já não serve às populações.
E os números não poderiam ser mais esclarecedores, com mais de 54% do voto popular depositado na oposição. Estava aberta a porta a Miguel Albuquerque para que, por uma vez, cumprisse com a sua decisão de demissão caso não atingisse a maioria absoluta. Mas se houve coisa que Albuquerque aprendeu com o CDS ao longo da última legislatura foi a arte do contorcionismo político, que arrasa todos os pressupostos de confiança entre eleitores e os que são escolhidos para os representar (quem não se recordará da demissão "irrevogável" de Portas há 10 anos?).
De facto, esta degradação da imagem da classe política é bem responsável pelo facto de, pela segunda vez consecutiva, o delfim de Jardim ter sido obrigado a "engolir em seco", "convocando" aqueles que, cegos pela necessidade de afirmação e por outros interesses inconfessáveis, são engolidos pela gula da maioria absoluta, ignorando ideologias, ideais e convicções num triste cenário de conivência e de silêncio cúmplice, num contágio degradante que alimenta os tiques de chico-espertismo e o totalitarismo que vivenciamos nas últimas décadas.
Ultrapassados sem vergonha ou consequência, "negoceiam" lugares, estatutos pessoais, ambições particulares e, inclusive, medidas que já estão em vigor, o que demonstra pequenez política, desconhecimento, e, tal como vimos durante esta semana com a intervenção de Luís Montenegro (PSD), Inês Sousa Real (PAN) e outros "intervenientes externos", um profundo desconhecimento dos verdadeiros ideais autonomistas.
Quando vemos líderes regionais a serem representados nos discursos e negociações por "enviados externos", e empurrados por uma subserviência às sedes nacionais que, desconhecendo a realidade regional, apenas olham para futuros acordos na Assembleia da República, está tudo dito!
Nem uma palavra sobre as elevadas listas de espera na saúde, nem uma palavra sobre a gigantesca taxa de risco de pobreza, nem uma proposta para aumentar o rendimento dos agricultores e dos restantes cidadãos, nem uma solução para resolver os problemas de ligações aéreas e marítimas.
O que vimos nestas negociações foi uma imensa sede para chegar ao poder, ao invés de dar poder à população. De ser servido ao invés de servir, e uma profunda indiferença para as medidas e prioridades que poderiam fazer a diferença na vida de todos... e não apenas de alguns!