Creio que facilmente o podemos compreender: afinal, como poderia ele, pobre carpinteiro de Nazaré, estar bem no centro todos aqueles acontecimentos? Como poderia ser que, ali ao seu lado, sob a sua responsabilidade, diante dos seus olhos, Deus cumprisse a promessa que tinha feito mover a história de todo o povo de Israel?
A dúvida de São José acaba por ser, também, a nossa dúvida: afinal, isto de Deus se fazer presente no nosso mundo não será uma ilusão imaginada por gente ignorante, sem formação, fora do mundo da ciência? Não será apenas um pretexto para uns momentos festivos, para nos sentirmos bem, resguardados pelo calor da nossa família e dos amigos?
Todos conhecemos a resposta de São José: arriscou tudo. Arriscou toda sua vida, o seu bom nome, tudo o que era, acolhendo "o sinal de Deus". Com toda a simplicidade. O evangelista Mateus diz: "José fez como o Anjo lhe ordenara".
Não se trata — nunca se tratou! — de recusar a razão ou o bom senso. Mas trata-se, isso sim, de perceber que tudo o que vivemos e somos só faz verdadeiro sentido (sentido último e definitivo) no horizonte maior, infinito, de uma relação com Deus a que chamamos Fé.
São José percebeu que, também nele, Deus podia fazer grandes coisas. E nós, neste Natal, havemos também de compreender todos os sinais de Deus!