Este é um espaço/jardim publico, de acesso livre, que encerra em si vistas únicas sobre a baía do Funchal, mas acima de tudo, um jardim que é formado essencialmente por espécies indígenas e endémicas da flora nativa regional, o que não é comum nos jardins da Madeira, que não obstante o seu interesse, são constituídos normalmente por muitas plantas exóticas. Além disso, o Núcleo dos Dragoeiros possui também serviços públicos associados ao espaço, neste caso serviços do IFCN com o Centro de Informação do Núcleo dos Dragoeiros das Neves.
Existe uma infraestrutura, que resultou da recuperação de um pequeno imóvel degradado, com o objetivo de funcionar como um local de informação ambiental, centro de receção e polo de dinamização de atividades relacionadas com a conservação da natureza e biodiversidade. Este objetivo mantém-se passados mais de 25 anos sobre a sua criação, tendo recentemente o IFCN promovido o local para variadas atividades, como sejam, a atividade de desenho dos Urban Sketchers Madeira, a entrega de prémios no âmbito do concurso GEA TERRA MÃE, ou a exposição "Biodiversidade. As espécies endémicas da Madeira e da Macaronésia". Neste local são dinamizadas todas as atividades de Educação Ambiental deste Instituto, trabalhando diariamente uma equipa de 6 funcionários.
A gestão diária do Jardim está a cargo dos Técnicos de Espaços Verdes e a equipa que os orienta que integram também o IFCN, num trabalho de muito conhecimento e profissionalismo.
Mas vamos a um pouco da história deste espaço. A área foi adquirida pelo GRM em 1994, de modo a assegurar a perenidade de um notável grupo de dragoeiros centenários e salvaguardar para o futuro este valioso património. Não existem registos conhecidos sobre a origem exata destes exemplares. De qualquer maneira, é inegável o seu valor, quer paisagístico como marco monumental naquele troço de paisagem, quer científico, localizando-se ali ainda hoje o maior núcleo de dragoeiros e o maior dragoeiro da Madeira.
Para além do Núcleo de Dragoeiros centenários, existe um jardim com uma área aproximada de 3000 m2 com vegetação autóctone, essencialmente do litoral da Madeira.
Para além dos dragoeiros, ao longo do jardim poderá encontrar outras plantas comuns ao litoral, tais como, a rara alfazema, a barrilha, a cila-da-madeira, o ensaião, a abrotona ou erva-branca, a figueira-do-inferno, a carlina ou cardo-branco, a cabreira, o jasmineiro-amarelo e o jasmineiro-branco, o esparto, o funcho-marinho, a losna, o gerânio, a globulária, a malfurada, a múchia-dourada, a perpétua, o plântago-da-madeira.
Presentes estão também alguns arbustos como o marmulano, buxo-da-rocha, o massaroco e a urze e algumas árvores como a oliveira-brava, o pau-branco e o sanguinho, entre os 4 representantes das lauráceas: o barbusano, o til, o loureiro e o vinhático.
Nos últimos anos o IFCN tem efetuado um esforço para melhorar e enriquecer a coleção do jardim, sempre com espécies autóctones de todos os níveis, quer herbáceas, quer arbustivas, quer arbóreas, quer espécies de flor exuberante, quer espécies de verde mais persistente, com destaque para as plantas características do litoral, plantas que ao longo dos tempos sofreram maior pressão, pois o seu habitat natural corresponde aos locais onde a pressão humana foi e é maior, quer pressão urbanísticas quer a agricultura, constituindo assim plantas mais raras.
Deixo aqui o repto a todos que visitem este magnifico espaço e que fiquem a conhecer um pouco mais da vegetação autóctone de litoral da RAM e do trabalho do IFCN na área da Educação Ambiental.