Estamos na era da pressa. Tudo em correria e antecipação.
A pressa da novidade, de ter a notícia em primeira mão, de ter o poder de ser detentor da informação. A pressa de rapidamente saber, sem ter muito que ler e fazer. Pela pressa fica-se pelo título, e subtítulos, ou lê-se em oblíquo e salteado. As conclusões precipitadas saem erróneas e facilmente voam as notícias falsas, incompletas, inventadas, recriadas.
Pela pressa, ouve-se por aqui e por ali, forja-se o evento, divulga-se o que der, pode cair-se na leviandade e desleixo, ignora-se o rigor e as consequências. Rapidamente a teia anda à solta por caminhos e atalhos, becos e veredas, levando o peso da mentira, da meia verdade, da precipitação, carregando imagens denegridas de pessoas, situações, e instituições.
Da pressa chega-se rapidamente à pressão.
Pressão é aperto, compressão, influência, força.
Pressão é exigência de resultados, de metas, de objetivos.
Pressão pode ser utilização de métodos por grupos organizados para obter determinados atos que lhes tragam benefícios de toda a ordem normalmente de cariz financeira, e a maior parte das vezes de duvidosa legalidade.
A pressão traz a coação da vontade, elimina a livre escolha.
A pressão diminui a serenidade, estreita a capacidade da decisão.
As redes sociais são hoje uma forma assustadora de pressão. Num instante se transforma uma vedeta em vilão. Todos sofremos as consequências das redes amplamente difundidas.
Da pressão fala-se na linguagem futebolística, ao referir que uma equipa não faz pressão quando não tenta criar obstáculos à circulação da bola pelo adversário; Pressão têm os jogadores quando as coisas não lhe correm bem e demoram a encontrar a forma, a confiança que lhes foge, a autoestima que lhes falta.
Pressão sofrem as equipas, quando tudo lhes corre mal, ampliando a ansiedade, a raiva que retira as boas decisões aumenta a impetuosidade dos lances e a lista das sanções.
Grupos - há mais vulneráveis à pressão social. Os jovens facilmente deixam-se cativar pela obtenção de determinados resultados na sua imagem, na popularidade, na perfeição, no sucesso, nas relações. Imitam os ídolos, deixam-se conduzir pelas modas, metem-se em aventuras e experiências arriscadas para atingir protagonismos e notoriedade.
Das redes sociais bebem sonhos que os pressionam a chegar a patamares nem sempre exequíveis e que os tornam descrentes das suas capacidades, inativos na luta, abandonando projetos e deixando de criar e alimentar atividades adaptadas às capacidades ou talentos que transportam.
Pelas redes sociais criam-se pequenos mundos de «amigos» com quem interagimos com alguma frequência, abrindo «estados de alma», aguardando retornos, comentários, conselhos ou críticas, ou simplesmente trocando cumprimentos, que contribuem para abater situações de solidão, alimentando caminhadas em amizade ou boa relação. Quando a pressão entra por caminhos inviáveis, por objetivos inacessíveis, por desejos desadequados facilmente se atinge o estado de depressão.
Depressão é um estado mental que se carateriza por ansiedade, grande tristeza, inércia, falta de energia ou de vontade de agir, abatimento, solidão. As coisas mais fáceis tornam-se problemas inultrapassáveis; Ter a iniciativa de atuação é esforço gigantesco.
A depressão isola, enfraquece, distancia, fecha-se, desconfia. Rapidamente a depressão passa a supressão de si, à anulação, ao apoucamento, à extinção da crença na capacidade própria, à autoaniquilação.
Que todos saibamos encontrar caminhos de autovalorização, de concretização de objetivos que nos tornem pessoas capazes de contribuir para uma comunidade equilibrada e feliz, e nos façam gostar de nós.