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Artigo de Opinião

AQUINTRODIA

26/07/2022 08:00

Os bandolins

Li agradado que, no «music film festival», realizado na Califórnia, o documentário «Jardins Bandolins e Outros Abraços» venceu na categoria de melhor documentário em música.

Parabéns à Cristina Vieira, pela realização, à Associação de Bandolins da Madeira, pela organização e ao seu apaixonado e motivador presidente, o excecional bandolinista e bom amigo, Norberto Gonçalves da Cruz.

Chegou-me a informação de que mais de 300 músicos tocam o bandolim na Madeira.

Deixem-me recordar um episódio com relevância nesta onda.
Em 1977, depois de estudos, tropa, trabalho, regressei à minha terra natal. Certo dia, visitei a casa do Povo, dirigida por gente amiga, amante da sua terra. E fui à procura duma salita que anos antes, jovenzito, havia visitado, acompanhando o meu pai, diretor na instituição.

Era um grande armário, onde repousavam bandolins, bandolas, bandoletas, bandoloncelo, contrabaixo. E muitas partituras.

Propus à direção o apoio à recuperação. Breve estávamos a reunir um grupo de tocadores experientes de tunas anteriores e jovens que aceitaram o desafio de nos organizarmos.

A Camacha reacendeu as tunas das décadas de 20 e 40, dirigidas pelo Professor Jorge e pelo Mestre Américo.

Demos início à versão da Tuna de Bandolins da Casa do Povo da Camacha da década de 70. Apresentámo-nos em 1978. A meados dos anos 80, quisemos celebrar o nosso aniversário, reunindo agrupamentos do género.

A custo, reunimos um minúsculo grupo dedicado a bandolins e violas: Um de Machico, à base de violas, um de São Roque do Funchal, em manutenção pelo esforço dum pequeno e competente grupo de carolas, um da Fajã da Ovelha, de entretenimento e animação…

Quanto à nossa Tuna de Bandolins, começou a revelar-se em eventos, celebrações, espetáculos, convívios, imprensa… Atuámos em Lisboa, em Londres, nos Açores. Publicámos um disco.

O movimento, a partir da notoriedade da terceira edição da Tuna de Bandolins da Casa do Povo da Camacha, a que, com honra e orgulho estou ligado, começou a expandir-se.

Muitas adotam o título de orquestra, adicionando o nome do lugar ou da instituição que as acolhe… A maior parte dos componentes é jovem e traz a formação adequada, ou do ex-Gabinete de Expressão Artística, ou do Conservatório de Música da Madeira.

A tradição tem futuro!

Mas é bom que não se esqueça que teve um berço ou embalo que a fez voar.

Chama-se: Camacha!


Festival de Arte Camachense

E porque falamos da Camacha, vem aí um grande momento, dum festival, nascido em 1988, a que se dá o nome de FESTIVAL DE ARTE CAMACHENSE, ou ART CAMACHA, nascido numa das minhas várias Direções daquela instituição, que conta 55 anos de existência.

É um Festival dedicado às riquíssimas e variadas tradições culturais da Vila, que se transforma num local de concentração de atuações de artistas da terra, de gastronomia, animação, exposições das artes daquela vila serrana.

Tem evoluído, procurado novos caminhos, novas formas de divulgação, novas expressões, numa dinâmica digna de relevo.

Há muito que desempenha um papel fundamental no panorama artístico da Madeira.

Bem hajam os que lhe dedicam a sua paixão!


Mostra Etnográfica

E porque hoje o tema parece ser Camacha, finalizo estas linhas com a informação de que está a construir-se mais uma edição da Mostra Etnográfica, a que se deu o nome de: CAMACHA DE ONTEM - MADEIRA DE SEMPRE.

Este ano com a novidade de reunir as várias formas que, na sua jovem existência já teve de apresentar.

É indubitavelmente a força duma terra, que se empenha e se enche de brio, para relembrar tradições, que são a nossa vivência de séculos e que nos explicam e revelam.

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