MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Deputado

30/10/2021 08:01

Poderíamos classificar esta notícia como um anúncio redutor e até "La Palissiano".

Mas esta é uma resolução que vai muito além dos 43 votos a favor que lhe deram origem. Esta é uma decisão que irá influenciar as políticas económicas, sociais e ambientais de proteção das pessoas e do planeta em praticamente todos os parlamentos mundiais, após a sua integração na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

E é um passo particularmente importante quando estamos a poucos dias da COP26, onde as expectativas são cada vez maiores. Se por um lado, verificamos a reentrada dos Estados Unidos da América, por outro, a China, um dos maiores "players" no combate às alterações climáticas, recusou (negociavelmente) à sua representação.

Este é um passo importantíssimo para avaliar e retificar os passos dados após seis anos do Acordo de Paris. Um acordo que previa reduzir abruptamente a dependência global de combustíveis fósseis e a limitação do aquecimento global abaixo dos 2 graus Celsius, limitando-o aos 1,5º Celsius a partir de 2020. Este seria um passo significativo para a redução dos riscos e impactos relacionados com os novos fenómenos climáticos.

Mas os dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) foram claros a passar um cartão vermelho aos líderes mundiais, indicando que, até 2030, as emissões vão aumentar 16% (quando deviam baixar 45%). Em todos os cenários traçados pelas Nações Unidas, o planeta não só não ficará abaixo dos limites definidos no acordo de Paris, como vai ultrapassar a marca de 1,5ºC já na década de 2030, mais cedo do que previsões anteriores. Este código vermelho para a humanidade significa que as ações a adotar terão de ser mais austeras e que os países terão de ser mais céleres a implementá-las.

O relatório oficial da autoria de 234 cientistas, revela ainda que este aquecimento global já está a acelerar o degelo e o aumento do nível do mar e a agravar outros fenómenos extremos como ondas de calor e secas, mas também inundações e tempestades.

Se a nível mundial verificamos o aumento da intensidade de ciclones tropicais ou a mínimos históricos de Gelo no Ártico, por outro, também aqui na Região, assistimos a dados do Instituto Português do Mar e Atmosfera que indicam que a zona do Areeiro registou aumentos de quase 4ºC comparativamente com os valores médios anteriormente registados. O mesmo se passou nas restantes estações meteorológicas que servem de referência na Madeira e Porto Santo com aumentos entre 1,5ºC e 3,8ºC em relação à média normal. Um aumento superior ao previsto nos dados do Observatório CLIMA-Madeira, o que poderá trazer consequências irreversíveis para uma região já de si vulnerável aos impactos das alterações climáticas. Este aumento significativo, a se manter, irá refletir-se no quotidiano de todos nós, quer falemos de impactos diretos na redução dos caudais de água, com efeitos nefastos na agricultura e recursos naturais, quer pelo aumento de fenómenos climáticos extremos, pelo aumento da prevalência de vetores transmissores de doenças como a dengue, ou ainda, pela iminente perda da biodiversidade regional.

O planeta assistiu nos últimos anos, a um desastre meteorológico por dia, matando 115 pessoas todos os dias e provocando perdas diárias de 170 milhões de euros.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 24% das mortes globais, ou 13,7 milhões de óbitos anuais, têm ligação ao meio ambiente, devido a fatores de risco como poluição do ar e exposição a químicos.

É hora de agirmos. Porque ainda vamos a tempo de reverter os estragos causados. Partilhando as palavras do Secretário-geral da ONU, António Guterres: esta é a batalha das nossas vidas. E é a última oportunidade para a humanidade inverter a maré.

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