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Artigo de Opinião

Psiquiatra

14/05/2024 08:00

Esta é capaz de ser a mais avançada capacidade cognitiva humana, a capacidade de percebermos quando estamos a ser enganados.

Há pessoas que são mais suscetíveis de ser enganadas do que outras. Uns cognitivamente desconfiados e outros com excesso de confiança. Podemos até argumentar que uns foram demasiado magoados e outros têm demasiada necessidade de agradar.

Ainda me lembro dos tempos em que fiz parte da direção da associação de estudantes. As eleições eram vividas com muita intensidade. Das eleições fica-me uma mensagem que se passava para convencer os outros colegas a votarem em nós. “Nós temos a experiência e provas dadas de conseguir cumprir as propostas eleitorais”. Jovens entre os 18 e 24 anos, e esta era uma das frases mais importantes na campanha de reeleição.

Passados muitos anos desde esse tempo, analiso o presente e temo ter de considerar que um partido político na Região Autónoma da Madeira é pouco mais avançado na sua campanha eleitoral. Retirando as questões municipais, para o bem e para o mal, tudo o que acontece na região é culpa do mesmo partido. Afinal, mais ninguém governou a região. Tendo em conta que a gestão de tudo o que é público e muito do que é privado tem a influência do governo regional, é impossível que os favoritos do partido, não sejam beneficiados. Nem que seja através da horrenda expressão da “confiança política”. Uma expressão para favorecer alguns e expulsar outros, como se verificou recentemente com as eleições internas do PSD. As pessoas deviam exercer cargos de responsabilidade pela sua capacidade técnica e não por serem “amigos” de quem quer que seja.

Enquanto os partidos funcionarem com o princípio da “confiança política” não deixará de haver corrupção. Porque as pessoas são escolhidas pelos motivos errados. Este é o princípio base pelo qual os partidos precisam de rodar na cadeira do poder. É impossível manter um sistema justo sem as mudanças de cadeiras, porque o poder pode tornar-se, infelizmente, mais atrativo do que a necessidade de servir a população.

Regressando ao tema das mentiras, é provável que uma grande maioria de pessoas na Região não esteja satisfeita com o sistema regional de saúde. Afinal, é a única explicação para os privados crescerem tanto. Não faltam notícias de medicamentos em falta no SESARAM, mas há poucos dias foi dito que se gasta muito dinheiro com medicamentos e que as pessoas desperdiçam muito. Estratégia política simplória, acusar as pessoas por não se conseguir fazer o mínimo obrigatório.

Em outubro de 2023 fui convidado a sair do SESARAM, segundo me foi dito, por influência partidária. Em maio de 2023 foi aprovada a reestruturação do tratamento da toxicodependência e em outubro, disseram que afinal foi um mal-entendido. Esse lapso só me foi comunicado, curiosamente, depois das notícias que saíram no dia 10 de outubro, onde descrevi problemas no tratamento da doença mental na região. Até aí, o regresso ao SESARAM para apoiar o tratamento das drogas era óbvio. O único psiquiatra com Doutoramento em Medicina na região não pode trabalhar para o SESARAM porque luta por um sistema melhor. E vá, não é merecedor de “confiança política”, seja lá o que isso queira dizer nos dias de hoje.

Em conclusão, se uma pessoa que se dedica à investigação e atinge a maior formação académica não pode falar socialmente, então temos de assumir que existe um problema grave com a liberdade de expressão na região.

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