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Artigo de Opinião

13/08/2024 08:00

1. A PALAVRA LEI, ouvi mais vezes nesta última semana, do que no resto da minha vida. Se recebesse um euro por cada vez que a li nas redes sociais, já tinha dinheiro para cobrir as indemnizações obscenas que os meus camaradas, foram obrigados a pagar por desmascarar os “Onassis” da Madeira. Acreditem: a conta não é pequena.

2. SOMOS CIDADÃOS CUMPRIDORES DA LEI. Nem sei porque foram enviados aviões da Força Área para a Madeira - que desperdício de dinheiro. Aqui só temos pessoas sérias e escrupulosamente seguidoras da legalidade. A devoção é tanta, que estes dias até me senti impelida a dar com o Código Penal na cabeça de uns quantos.

3. POBRE BORES! Ainda bem que a estupidez não é ilegal, senão as nossas prisões estariam cheias. É por isso que dizem que “o inferno está cheio de boas intenções”. Nunca fez tanto sentido esta expressão. Somos tão exemplares que o Ministério Público até tem tempo de sobra na sua agenda para se ocupar de gatos exóticos. Têm tanto tempo livre, que até quiseram “salvar” um lince que vivia numa quinta no Funchal, como um autêntico lorde inglês. Um bom uso do dinheiro dos nossos impostos e dos recursos de Estado. As autoridades regionais estão todas de parabéns, foram tão prestáveis e eficientes que resolveram o problema. Eliminando-o de vez.

4. SALVEM AS NOSSAS CRIANÇAS. Pecamos por excesso de zelo em determinados assuntos, enquanto noutros, damos rédea solta. Talvez fosse mais proveitoso para os madeirenses, que as autoridades regionais se ocupassem em reforçar as medidas de segurança nas edições do Rali Vinho da Madeira. Não consigo entender como é que as pessoas ainda levam crianças para assistir ao rali, depois dos incidentes que ocorreram nos últimos anos. O rali é um passatempo perigoso e não é um ambiente adequado para os mais pequenos. Quantas desgraças já vimos acontecer, que podiam ser evitadas? A memória é assim tão curta? Quantos episódios já assistimos de pessoas alcoolizadas a tentar atravessar a estrada ou às turras com a polícia porque querem assistir ao rali em locais perigosos e que estão interditos. A assistência só deveria ser permitida em locais específicos e que não estivessem ao nível da estrada. Nisto o Ministério Público não atua?

5. O RALI É O DESPORTO DOS RICOS, QUE OS POBRES ADORAM, que o diga Pedro Calado, ex-Presidente da Câmara do Funchal, que viu a sua carreira política terminada, por insistir em participar no rali. As corridas de automóveis não são um desporto barato e ao alcance de qualquer um. A investigação pela adjudicação de contratos públicos em troca de patrocínios ao carro de rali do ex-autarca, ditaram o fim da carreira do político que todos apontavam como o futuro Presidente do Governo Regional. O fanatismo é tanto, que as pessoas acabam por perder a cabeça. Até podia começar a falar na lengalenga do costume, a dizer mal do financiamento público ao rali, mas como falar mal do rali está ao mesmo nível de falar mal de Nossa Senhora de Fátima e dos Três Pastorinhos vou, mas é deitar-me a apanhar sol na praia. Boas as férias a todos.

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