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Artigo de Opinião

Comunicação - Assuntos da UE

24/02/2021 08:01

Quando era pequenita, achava que a minha mãe era uma super-heroína. Ela estava em todo o lado: no trabalho, à porta da escola, no pátio quando eu caia, a aconchegar-me na cama. E eu pensava: "Como é que ela consegue estar em todo o lado?". Ela foi mãe-solteira, mas prefiro dizer mãe-guerreira. E há tantas mais por aí. Mulheres que vestem a capa de super-heroínas e as calças que o parceiro deixou para trás quando decidiu ir embora.

No próximo mês, assinala-se o Dia Internacional da Mulher, um momento para reflectir sobre os progressos alcançados e as formas de promover ainda mais a igualdade de género, a fim de maximizar o potencial do talento feminino. E finalmente vai sendo mais habitual ver-se incríveis notícias de mulheres a dar cartas em palcos internacionais e lugares de destaque que antes eram ocupados exclusivamente por homens. Recentemente, Ngozi Okonjo-Iweala tornou-se a primeira mulher africana a liderar a Organização Mundial do Comércio. A Estónia também fez história há um mês ao tornar-se o único país do mundo a eleger duas mulheres (primeira-ministra e presidente) para liderar a nação.

Nos lados da Finlândia, Sanna Marin é a primeira-ministra, mas não foi só isso que chamou a atenção mundial: ela estava num governo de coligação composto por cinco partidos, todos liderados por mulheres.

Em Abril de 2020, a Forbes publicou um artigo onde analisava os países com a melhor resposta à pandemia. Da Nova Zelândia, Islândia a Taiwan, passando pela Alemanha e a Noruega. Sabe qual é o elo comum entre eles? Todos liderados por mulheres.

A pandemia representou um grande desafio para a União Europeia que em 2019 viu Ursula Von der Leyen assumir as rédias da Comissão Europeia como a primeira mulher à frente do bloco. E com ela trouxe o Colégio de Comissários mais equilibrado em termos de género de sempre. Do outro lado do oceano, nos Estados Unidos, também escreveu-se História com a vitória de Kamala Harris, primeira mulher a ser eleita vice-presidente daquele país, após quatro anos turbulentos.

Falo-vos das mulheres na política, mas podia-vos falar de Ciência, Literatura, Matemática e outras áreas onde muitas meninas e mulheres continuam a mostrar que, como diz a música de James Brown, "this is a man's world but it wouldn't mean nothing without a woman or a girl." (tradução: Este é um mundo de homens, mas não significaria nada sem uma mulher ou uma menina.)

É certo que o caminho para a igualdade de género ainda é longo. A violência contra o sexo feminino é uma outra pandemia que temos de combater activamente. O gap salarial também. As mulheres na União Europeia ganhavam em média 14,1% menos por hora do que os homens em 2018. Em Portugal, segundo dados revelados em Novembro de 2020 pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, as mulheres portuguesas ganham menos 14.4% do que os homens. As razões para o fosso salarial entre géneros vão para além da simples questão da discriminação. São uma consequência de várias desigualdades que as mulheres enfrentam no acesso ao trabalho, progressão e recompensas.

Apesar das mulheres continuarem altamente subrepresentadas nos governos de todo o mundo, estes exemplos de sucesso, e tantos outros, são raios de esperança que têm um efeito dominó, mostrando a meninas e jovens raparigas que, se outras conseguiram, elas também conseguem - seja em que área for. Porque uma coisa é certa: não há nada que uma mulher não consiga fazer se lhe forem dadas as oportunidades e as ferramentas certas.

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