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Artigo de Opinião

Comunicação - Assuntos da UE

12/07/2023 08:00

Os eurodeputados estão em Estrasburgo para a última sessão plenária antes da paragem para as férias de Verão. Já se sente que a onda de trabalhos em Bruxelas está abrandar. Contudo, após a paragem de Verão, esperam-se meses muito intensos, uma vez que já se vê ao fundo do túnel o fim da legislatura.

Breve explicação: os eurodeputados estão reunidos em grupos políticos - não estão organizados por nacionalidade, mas por filiação política. Atualmente, existem sete grupos políticos no Parlamento Europeu (PE).

E 2024 é ano de eleições europeias. Os eleitores decidirão a distribuição do poder no Parlamento Europeu para os próximos cinco anos. Este ano não têm sido um ano fácil para o Parlamento. Mas com olhos em junho de 2024, já estão disponíveis sondagens sobre o que poderá ser a décima legislatura e há uma clara tendência... Para a direita.

As projeções para os centristas não estão famosas: a EU Matrix (plataforma de investigação especializada em Assuntos Europeus) prevê, com base em sondagens de opinião realizadas nos 27 Estados-Membros em maio de 2023, perdas de lugares para os três principais grupos centristas no (PE). O maior grupo do Parlamento, obviamente não saí ileso. A projeção do Partido Popular Europeu (PPE) aponta para uma descida para 159 lugares em vez dos atuais 176 (-17). Os sociais-democratas (S&D) também perderão lugares: 141 em vez de 144 (-3). Na onda de perder cadeiras, segue-se a Renew Europe que deverá perder 13 lugares e diminuir de 101 para 88. O maior golpe, tudo indica, será para os Verdes. Estes perderão 26 dos atuais 72 lugares e passarão a ter apenas 46 lugares.

Mas se uns perdem, quem é que sai a ganhar? Os mais para a direita e esquerda do espetro partidário. O grupo Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), de direita, ganhará 16 lugares e passará a ter 82 deputados em vez de 66. "Prevemos também um maior grupo parlamentar da ‘A Esquerda’: 47 lugares em comparação com os atuais 37 (+10). Além disso, as sondagens preveem ganhos relativamente significativos entre os não filiados, especialmente entre os deputados de direita", escreve a EU Matrix.

Ok, depois de tanto jogo da cadeira e piscadelas, caso este cenário se concretize, o que nos diz? Que a tendência decrescente das percentagens de votos dos grupos do centro deverá manter-se nas próximas eleições europeias. E que, devido ao reforço dos conservadores e dos deputados de direita não filiados, é provável que o espetro político do PE se desloque mais para a direita.

Este Parlamento mais à direita terá um impacto no posicionamento do PE em domínios políticos fundamentais: "A transição para as energias verdes e aos objetivos climáticos. Neste domínio, a maioria dos novos deputados defenderá, com toda a probabilidade, uma transição mais gradual. Em matéria de asilo e de controlo das fronteiras, pressupomos igualmente uma mudança de orientação para uma política significativamente mais restritiva", aponta a EU Matrix. Contudo, atenção, sondagens valem o que valem. O que conta é o que acontecerá em junho de 2024.

Agora, marque na sua agenda para votar. A abstenção em Portugal, nas últimas eleições europeias de 2019, foi recorde (69.3%). Entre 6 e 9 de junho de 2024, é tempo dos eleitores irem às urnas para decidir o futuro da Europa. Se há um tempo para o fazer, é neste! Atenção que quem não vota, não reclama...

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