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Artigo de Opinião

Antropóloga / Investigadora

28/02/2022 08:00

Uma obra literária que aconselho a todos os leitores… inspirada nas manifestações do primeiro de maio de 1902 e no julgamento dos jovens trabalhadores pela repressão czarista. A revolução de um povo, a importância da participação de todos na luta contra as injustiças, na luta pelos ideais.

Esta citação diz tudo: no meio de tanta injustiça que nos deparámos no dia a dia, o povo entende, compreende, tem pensamentos e sentimentos, de grande força, mas que não são capazes muitas vezes de transmitir, por algum motivo. Talvez receio, medo ou até vergonha.

Durante a nossa rotina diária, deparámo-nos com vários acontecimentos de injustiça, que nos corroem por dentro. Mas, por mais revoltados que nos sentimos com estas situações de injustiça, acabamos por não fazer nada. Desabafamos, gritamos e lamentamos, mas acabamos sempre por ouvir aquela vozinha do vizinho: "Vais-te chatear com isso?! Achas que vale a pena?! Achas que vais mudar o mundo?!" E baixámos a cabeça por acharmos que, efetivamente, não vale a pena.

Mas o combate à injustiça alimenta-se de atitudes, de indignação, de narrativas, de um frente e frente e de argumentos convincentes, sendo certo que existe sempre uma pluralidade de alternativas de intervenção.

Uma sociedade sem justiça não funciona, não protege, desresponsabiliza, premeia e incentiva o mau comportamento. Tudo isto se torna mais grave em momentos de extrema violência, de brutalidade social, como o que atualmente vivemos.

Com os mais recentes acontecimentos na Ucrânia, é inevitável não sermos tomados por este sentimento de revolta, de injustiça, de medo, frustração e angústia.

Estamos em pleno 2022, no auge, teoricamente, da civilização e da convivência em sociedade. Passámos por muito até chegarmos aqui. Mais recente, por uma pandemia mundial, em que o tempo deveria ter sido proveitoso para uma reflexão… e mesmo assim, não aprendemos nada.

Enquanto nos enchemos de orgulho por tudo aquilo que conquistámos, tudo se vai esvaziando quando vemos que repetimos os mesmos erros do passado.

É tentador sucumbirmos à limitação e à incapacidade para resolver questões tão maiores do que nós. Inconscientemente, ficamos embrulhados numa espiral de tristeza e pesar. Estes sentimentos facilmente se confundem com empatia e sugam a nossa energia para o fosso do problema.

Mas a verdade é que a estrada dos lamentos tem poucas saídas. Agora e sempre, o mundo apela à nossa melhor versão. Longe de ser perfeita, mas cada vez mais perto do amor que carregamos na essência. Sejamos o exemplo que pregamos nas horas em que o humanismo aparenta fraquejar. Vamos lutar contra esta injustiça! Vamos cultivar a paz que tanto precisamos. É verdade que não consigamos mudar o mundo. Mas podemos ser a prova de que o quintal de cada um pode mesmo dar outro ar à nossa rua!

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