O Réveillon continua a ser a noite mais esperada no Funchal. A tradição voltou a cumprir-se e mais uma vez esta noite concentrou as atenções de todos: o cenário magnífico de um fogo de artifício na Pérola do Atlântico. A passagem de ano, reconhecida como um dos momentos altos do ano no arquipélago, apresentou um espetáculo de iluminação que ficará na memória de quem assistiu. Mas como descrever este momento?
O anfiteatro do Funchal se tornou uma tela viva, enchendo-se de cor e luz. As iluminações da cidade, a alegria e a agitação ocupavam o espaço. Quando o relógio ameaçava tocar, já sentia aquela energia. As pessoas nas varandas, nas janelas, nas praças, todos a olhar para cima, à espera ansiosamente pelas doze badaladas. Com as mãos firmemente agarradas às garrafas e aos copos de champanhe e às passas, começaram a contagem decrescente.
À medida que a meia-noite se aproximava, as buzinas dos cruzeiros juntaram-se. E então, os primeiros foguetes rasgaram o céu. Tudo era fogo e luz, tão intenso que cada batida se sentia no peito. As cores surgiam no ar e rodopiavam. O barulho enchia-me de alegria no rosto. Cerca de oito minutos cintilantes de magia, uma explosão atrás da outra. Celebrávamos a rir e/ou a chorar com a despedida do ano que acabava e nas boas-vindas ao ano que começava. Copo numa mão e a outra a abraçar quem nós gostamos. É um momento emotivo, difícil de descrever, que nos enche a alma.
E quando a apoteose final cessou, eis que surge aquele momento retrospetivo, típico em todos os anos, em que fazemos uma análise do ano que passou, dos obstáculos superados, das etapas alcançadas, das dificuldades que se avizinharam, dos momentos difíceis... desejamos que o próximo ano seja melhor, traçamos metas, decisões de mudança, desejos, promessas e agarramos na bola de cristal e tentamos antecipar o que vem para o ano 2024.
Mais do que tudo, aquilo que desejo para o ano de 2024 é esperança. Esperança de que melhores dias virão. É certo, atravessamos uma crise a nível nacional, em todos os setores, e que não sabemos o que o futuro nos reserva. Para além disso, enquanto seres humanos que somos, passamos por outras batalhas e desafios pessoais, constantes do quotidiano. Momentos difíceis em que sentimos sós e que o mundo está a acabar e que perdemos as forças para continuar a lutar. Mas a verdadeira essência para ultrapassar todos os obstáculos é a esperança. O que é a esperança? Para mim, é como se estivéssemos num túnel muito escuro e, no fim, víssemos uma pequena estrela luminosa. Esta luz é a esperança. Mas não podemos ficar sentados no fundo do túnel, à espera de que a luz venha ter connosco. Não, temos de endireitar os ombros e caminhar até a esta luz, correr até ela. Temos de erguer e aceitar. Dar a volta a todos os obstáculos, passar por cima das pedras e construir um castelo. Se não tivermos esperança, não temos expetativa ou aspiração para um futuro melhor. Só conseguimos mudar o mundo se pensarmos em transformar, em mudar. E se desejamos uma mudança, temos de ser NÓS a diferença. A noite de Ano Novo não é apenas mais uma noite. É a celebração da vida em si. E a promessa de que as melhores histórias estão por vir!
Desejo um Excelente Ano 2024 a todos os madeirenses e portugueses!!!