De facto, obras marcantes como o aeroporto da Madeira, a via rápida, as vias expresso, as estradas, escolas, pavilhões e piscinas, centros de saúde, centros cívicos, sociais e culturais, marinas e portos, espaços públicos de lazer e fruição foram e são exemplos de grandes obras que modernizaram a Madeira e o Porto Santo, recuperando estas ilhas ultraperiféricas de um atraso secular que socialmente nos reduzia a quase cidadãos da idade média. Mais que a obra física, estas grandes obras operaram a transformação social de gerações. Deram igualdade de oportunidades promoveram a equidade e permitiram a construção de um novo cidadão madeirense que olha o mundo de frente e sem preconceitos. Eu sou fruto destas grandes obras! Muitos de nós somos fruto destas grandes obras!
E as grandes obras não estão acabadas. Chamar-me-ão político do betão! Chamo-lhe políticas de coesão, sustentabilidade social e ambiental. Temos o desafio do Hospital Central e Universitário da Madeira, mas temos outros. Temos escarpas em toda a ilha para consolidar e proteção marítima para fazer; temos canalização de linhas de água para desenvolver e habitação para criar; temos infraestruturas culturais para construir; temos uma grande obra para continuar a executar ao nível da captação, armazenamento e distribuição de água; temos a eficiência energética rumo à sustentabilidade ambiental para aprofundar. Urge ainda cuidar do nosso património edificado. Como temos feito e bem na Sé ou no Convento de Santa Clara, que tanto nos orgulha.
Muito foi feito. Muito há ainda para fazer. E fazê-lo no cuidado pelo ordenamento, que potencie o que nos distingue preservando a nossa história e o nosso património.
Ao que foi feito, naturalmente exige-se manutenção. Manutenção para conservação e segurança. Manutenção que melhore a eficiência energética, o conforto térmico e garanta mais sustentabilidade a uma ilha que vive do património natural. Manutenção, pois somos insulares, ultraperiféricos e não dispomos de orçamentos largos.
A manutenção e as grandes obras em falta são uma equação desafiante à governação. Exige-se prioridades, alguma criatividade e orçamento. A Madeira clama por mais orçamento para manter o nível de desenvolvimento e as respostas sociais. Orçamento regional e orçamentos municipais. É vergonhoso o orçamento disponibilizado às autarquias para executarem e manterem as obras que são da sua competência. Voam milhares de milhões na TAP ou na CP, restam tostões para as câmaras e regiões autónomas.
A Madeira que hoje temos deve-se muito à visão dos que pugnaram por grandes obras. Todavia, alguns teimam em ver só obras grandes! A Madeira que queremos deixar aos nossos filhos e netos não está acabada, carece de mais investimento pelo bem comum, pela segurança de todos e pelo desenvolvimento harmonioso de uma região que se quer mais coesa, conjugando a competitividade da economia com a sustentabilidade ambiental, num desígnio coletivo pela descarbonização e transição climática que a todos nos deve comprometer a bem das futuras gerações!
P.S. Concluir o campo de golf da Ponta do Pargo é uma obra grande. Desenvolver um campo de golf na Ponta do Pargo é uma grande obra! Espero que o problema de alguns não seja o topónimo da localização!...