Os limites geográficos e a influência das ilhas situadas a oeste do estreito de Gibraltar, conhecidas como ilhas abençoadas, contribuem, de forma ímpar, para importância dos Oceanos como um dos grandes desafios do nosso século.

Se gostamos de afirmar que a lusofonia é composta por uma comunidade a caminho dos 300 milhões de cidadãos espalhados por todos os continentes, facilmente se conclui a enorme força acrescida se a ela juntarmos para além do castelhano as línguas nacionais da Guiné-Bissau e o crioulo de São Tomé e da ilha do Príncipe, tornando inultrapassáveis os caminhos a explorar pela diversidade da riqueza cultural desta Plataforma atlântica.

Como não se circunscreve às ilhas que compõem formalmente a Macaronésia, esta rede atlântica deverá aproveitar e potencializar o contributo de milhões de cidadãos espalhados por todo o mundo, numa partilha cultural única e imbatível na esfera internacional, impondo as suas diferentes heranças e cimentando as suas semelhanças.

A diáspora portuguesa e cabo-verdiana, tão relevante em países como os Estados Unidos da América, Canadá, África do Sul ou Holanda, constitui uma base que há muito aguarda por incentivos permanentes de cooperação sustentada entre si e por uma resposta adequada das instituições públicas dos respetivos países aos sentimentos de pertença e de identidade dos cabo-verdianos e portugueses da diáspora.

Torna-se imperioso incentivar um solidário desenvolvimento económico e social desta inédita Plataforma, tirando proveito das suas condições geográficas ultraperiféricas, enveredando esforços e criando estratégias comuns que permitam fortalecer e potenciar os laços culturais, comerciais, económicos e sociais.

Chegou o momento de realçar a singularidade das condições geográficas dos arquipélagos da Macaronésia, transformando o seu alegado "isolamento" numa posição estratégica privilegiada, no cruzamento das rotas marítimas para as Américas e na ligação ao Oceano Índico.

As diferentes culturas dos povos que integram estes territórios insulares são o mais importante elemento diferenciador e aglutinador que urge dar a conhecer e assim gerar um robusto estímulo que leve os respetivos Países e Regiões a trabalharem conjuntamente para a criação da Plataforma da Macaronésia.

A simbiose de objetivos apresenta-se como uma ferramenta imprescindível para a afirmação de uma comunidade direccionada para o propósito de incentivar relações económicas e culturais nos espaços insulares atlânticos de língua portuguesa e castelhana. Por esta razão, parece-me imperioso que as instituições nacionais e transnacionais, pensando nas gerações futuras, criem respostas políticas que fomentem as tradições culturais dos povos da Macaronésia e reconheçam o importante contributo destes territórios para a manutenção de um ecossistema particular, fomentando um desenvolvimento harmonioso baseado no respeito pela biodiversidade das ilhas e do mar que as cerca.