É verdade, territorialmente as Ilhas Selvagens inserem-se no concelho do Funchal, na freguesia da Sé. É verdade a CMF possui um pelouro com a Ciência, onde podemos encontrar a Estação de Biologia Marinha referencia em muitos estudos na área do mar. Mas nos últimos anos a CMF não tem demostrado grande interesse pelas Ilhas Selvagens, não tendo expressado interesse à entidade gestora das ilhas, no caso concreto ao Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN). Posso mesmo afirmar que ao contrário da CMF a Junta de Freguesia da Sé já demonstrou interesse por esse também "seu território", tendo no passado muito recente doado equipamentos de apoio a todos os que efetuem estadias nas Selvagens, quer Vigilantes da Natureza, quer técnicos do IFCN, quer elementos da Marinha Portuguesa quer os muitos cientistas que se deslocam até lá.

Desde finais dos anos 80, do século passado, tem sido o Governo Regional da Madeira (GRM), com o recente apoio da Marinha Portuguesa, que tem mantido a soberania destas ilhas e que tem desenvolvido todos os trabalhos de fiscalização e de preservação do património natural, e que tem promovido e participado em muitos dos estudos que fomentam o conhecimento destas ilhas. Foi e é o GRM que à mais de 30 anos desenvolve todos os esforços no sentido da permanência constante de Vigilantes da Natureza no local. Sempre foram estes profissionais (que à presente data encontram-se na dependência do IFCN) que com esprito de missão, sacrifício e com o enfoque na preservação da natureza, efetuam estadias de 2 ou 3 semanas neste território mais a sul de Portugal.

As Selvagens são constituídas por 3 ilhas de maior dimensão e alguns pequenos ilhéus. Temos a Selvagens Grande com 273 hectares, a Selvagens Pequena com cerca de 30 hectares que dista cerca de 18 Km da Selvagem Grande. Por fim temos o Ilhéu Chão que se localiza muito perto da Selvagem Pequena e que tem aproximadamente 8 hectares. São todas ilhas santuários de vida selvagem.

Quem tem recentemente promovido as Ilhas Selvagens através do conceito de turismo científico é o GRM, numa perspetiva de que com regras e de forma controlada estas ilhas e o território a elas associado, quer marinho quer terrestre, possam ser visitadas. Essa aposta consubstancia-se num rigoroso regulamento com as condições para o exercício das atividades no meio marinho da Reserva Natural das Ilhas Selvagens, bem como o respetivo Regulamento Interno relativo às atividades humanas e ainda um Plano de Ordenamento e Gestão destas Ilhas revisto. Toda esta política de gestão já deu os seus frutos e têm sido realizadas diversas expedições a estas ilhas.

Além do mais, as Selvagens sempre suscitaram o interesse de diversos cientistas e de diversas instituições de investigação. Relembro uma das mais mediáticas e marcante expedição, a expedição da National Geographic em 2015 que envolveu mais de 150 horas de mergulho e que culminou num documentário televisivo que percorreu mundo com a chancela de um Mar Pristino.

Muitos outros estudos e expedições têm sido desenvolvidos nas Ilhas Selvagens e sempre com o apoio da entidade gestora o IFCN, cedendo as instalações e equipamentos. Estes trabalhos são apoiados e acompanhados pelo Corpo de Vigilantes da Natureza, quer em terra quer no mar.

Todos os trabalhos e toda a investigação são bem-vindos às Selvagens e torna-se uma mais valia para a divulgação do riquíssimo património natural destas ilhas. Contudo que fique bem claro o papel de cada interveniente neste território e de quem detém a gestão e a permanência neste mesmo território há décadas.