Desengane-se quem acha que este foi um fenómeno isolado, que acontecerá somente noutras paragens, não na Madeira. Estamos a atravessar uma emergência climática e todos os dias atingimos recordes de temperaturas - vivemos o Outono mais quente do resto das nossas vidas e situações como estas serão mais frequentes e, possivelmente, terão proporções maiores. É preciso agir, é preciso maior preparação.
Esperávamos mais do Governo Regional na resposta a esta tragédia. Esperávamos maior celeridade perante as condições atmosféricas, o terreno, o alastrar das chamas. Alguns relatos de populares disseram o mesmo, que o pedido de ajuda pecou pela demora. Sendo verdade que o Governo Regional demorou a pedir ajuda às autoridades nacionais de proteção civil, quem assume a responsabilidade? A culpa vai morrer, mais uma vez, sozinha?
Num cenário muito incerto, felizmente, não houve perdas humanas, apenas incontáveis perdas ambientais, nomeadamente o nosso património florestal mais importante - a Laurissilva.
No Parlamento Europeu estamos a trabalhar numa série de relatórios para garantir a plena aplicação do pacote "Fit for 55", um pacote legislativo importante para a redução de emissões em 55%, até 2030, a fim de combater as alterações climáticas.
A posição do PSD/CDS sobre a Lei do Restauro da Natureza é conhecida, sobre várias ações importantes para minimizar os impactos das alterações climáticas e a proteção das florestas, mas qual é a posição da deputada regional do PAN? Seguirá a linha da sua família europeia, os Verdes, mesmo que vá contra o que a direita defende?
Destaco, paralelamente, o Mecanismo de Proteção Civil - um importante aliado europeu na resposta a situações de catástrofe. Se as capacidades nacionais e regionais tivessem chegado ao seu limite - e por pouco não foi esse o cenário - seria uma importante ajuda. Na aprovação da revisão do orçamento a longo prazo da UE (o quadro financeiro plurianual 2021-2027), no último dia 3 de outubro, o Parlamento pediu mais flexibilidade para apoiar catástrofes, bem como a criação de mecanismo especial permanente adicional para permitir que o orçamento da UE se adapte melhor e reaja rapidamente às crises e aos seus efeitos sociais e económicos, algo que António Costa tem insistentemente apelado no Conselho (embora, ainda, sem unanimidade), mas que é cada vez mais relevante face à recorrência destes acontecimentos.
Agora é momento de avaliar os estragos provocados pelos incêndios, de reconstruir, de retirar lições para aumentar a preparação e a capacidade de resposta a futuras intempéries.
Aproveito este espaço para terminar com uma palavra de agradecimento às mulheres e aos homens que lutaram arduamente contra a força das chamas, que protegeram vidas e bens que demoraram uma vida inteira a conseguir e que tentaram, a todo o custo, atenuar a propagação do fogo. Fica a certeza: os madeirenses agigantam-se perante todas as contrariedades e é este o espírito combativo que faz do nosso povo "humilde, estóico e valente".