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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

18/08/2024 07:40

Jerusalém é uma cidade local e ao mesmo tempo universal, é a sua vocação dada por Deus, é a terra dos Lugares Santos da Redenção. Na sua proximidade, aconteceu a 7 de outubro o ataque criminoso do Hamas e a guerra que se seguiu com Israel e os combatentes islâmicos na Faixa de Gaza, que resultou em mais de 30.000 vítimas e no quase total cancelamento de peregrinações à Terra Santa. No ano anterior tinha presidido a uma peregrinação de cristãos madeirenses, num ambiente de paz e harmonia entre peregrinos de muitas partes do mundo..

O Natal de 2023, dizem os franciscanos que ali vivem e permanecem, foi marcado em Belém por uma “atmosfera sombria de morte”.

A Páscoa foi marcada por alguns raros e pequenos grupos de Peregrinos, vindos do Extremo Oriente. Da Itália vieram alguns visitantes para levar solidariedade e uma mensagem de paz às comunidades locais.

A realidade é que hoje faltam peregrinos, porque há medo, desconfiança, uma grande amargura, pela situação que vive a Terra Santa. O franciscano Patton escreve que peregrinar não é fazer um seguro de vida, mas que se alegra ver os peregrinos partirem modificados, transformados espiritualmente e saberem que os cristãos irmãos os esperam porque precisam da sua presença e ajuda.

Não são apenas os franciscanos que permanecem na Terra Santa, várias outras Congregações ali residem, como os Carmelitas, no Carmelo de Haifa, os Dominicanos na École Biblique e noutras instituições da cidade, os jesuítas etc., além dos muitos cristãos ortodoxos, mas são os franciscanos os que desde o tempo de São Francisco receberam esta missão e têm mais santuários, escolas, lugares arqueológicos, a investigar, geralmente o Patriarca é franciscano e, hoje, o Papa nomeou Cardeal Pierbattista Pizzaballa. Além disso, os franciscanos estando em todo o território de Israel, tendo até um pequeno santuário muito antigo na Faixa de Gaza, onde os cristãos estão recolhidos com muito sofrimento. Há também cristãos que vêm de outra partes do Médio Oriente com uma variedade de ritos religiosos, alguns são católicos. outros não, há também uma comunidade cristã de língua hebraica, a comunidade dos emigrantes, a comunidade dos cristãos de todo o mundo, cada um vivendo com os seus costumes e cultura para constituir a única Igreja de Deus. É como no Pentecostes, todos receberam o mesmo Espírito.

É dentro desta tradição que os peregrinos são muito importantes para realizar esta união entre Jerusalém e todo o mundo.

Esta missão dos franciscanos na Terra Santa tem também um mandato, o Papa Clemente VI em 1342, desde Avinhão, confiou a missão de Guardiões dos Lugares Santos para acolher os peregrinos de todo o mundo, experiência essencial da fé, que pode mudar uma vida, experiência que constatei no elevado número de vezes que, com nossos cristãos demandamos a Terra Santa, a Jordânia e o Monte Sinai.

O Papa São Paulo VI falou da Terra Santa como o “quinto Evangelho”.

A Terra Santa detém, desde 1316 na cidade de Nicósia, na ilha grega de Chipre uma diocese dos católicos de rito maronita, os fiéis de rito latino dirigem-se ao Patriarcado latino de Jerusalém, ao lado dos cristãos ortodoxos e dos turcos muçulmanos. Os fiéis de rito latino dirigem-se, porém, ao Patriarcado latino de Jerusalém, dirigido pelos franciscanos.

Desde 2022, o vigário patriarcal foi confiado a Frei Bruno Varriano, nascido no Brasil de uma família de italianos, que entrou para a Ordem dos Frades Menores. Aconteceu que o Papa Francisco nomeou-o bispo no dia 16 de março. Celebraram uma cerimónia muito solene, com a participação das autoridades civis, parlamentares, membros do corpo diplomático, cardeais, bispos, sacerdotes de diversas partes do mundo, entre eles estava um cardeal brasileiro Dom Odilo de São Paulo e o cardeal português de Setúbal, Dom Américo Aguiar, a quem agrada estas celebrações festivas.

Com uma peregrinação visitámos esta magnífica ilha onde, segundo a tradição, nasceu a deusa da beleza da espuma do mar. Chipre foi evangelizada por São Paulo e Barnabé que levaram consigo o sobrinho Marcos, mais tarde o escritor do segundo evangelho.

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