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Artigo de Opinião

Psicóloga Clínica

15/07/2021 08:01

Mas o que são afinal os fracassos? São projetos que não têm o fim por nós idealizado? São situações que não ocorrem como queríamos? Na minha opinião, um fracasso acontece quando nos propomos a fazer algo que não corre como queríamos e não aprendemos nada com isso. O facto de não retirarmos nenhuma aprendizagem dos erros, isso sim, considero um fracasso. Se aprendermos algo já é um avanço, uma evolução, não um fracasso.

Muitas vezes acontece de se dizer quer às crianças, adolescentes e mesmo aos adultos: "tu és um fracasso, não vales nada!", quer a nível académico, profissional e mesmo pessoal. Estas afirmações, habitualmente proferidas por seres frustrados, que buscam a própria superioridade às custas da inferiorização de terceiros, têm consequências que vão lapidando toda uma personalidade, em termos de auto-estima, auto-conceito e auto-confiança.

A mediocridade das afirmações que minimizam, destroem e magoam fazem acreditar que, efetivamente, as pessoas de nada valem, são um fracasso.

O que seria um insulto ao bem-estar pode passar a ser uma verdade absoluta, quando repetida muitas vezes, especialmente se se tratar de pessoas que possam até encontrar-se mais fragilizadas ou sensíveis em alguma área da sua vida ou em algum momento da sua jornada.

Além deste mal-estar causado pela insegurança, surge a ansiedade de desempenho, que se vai refletir em variadíssimas áreas da vida, nomeadamente nas relações interpessoais, nos testes ou exames académicos, no desempenho laboral, no falar em público e até no próprio desempenho como pessoa. As pessoas passam a acreditar que não são suficientemente boas ou capazes, em função do que lhes foi dito e foram interiorizando. Mas a verdade é que não existem fracassos nem fracassados. Existem erros, existem coisas a melhorar, existem contextos externos a influenciar, muitas vezes de forma negativa.

É importante desmistificar a ideia do fracasso e as consequências a ele associadas.

As pessoas não são os seus erros, mas sim a capacidade de aprenderem com os mesmos, bem como o que fazem com essas aprendizagens, de que forma constroem o seu futuro e evitam erros anteriores.

São as aprendizagens que nos definem, e não os fracassos pelos quais vamos passando ao longo da vida. Nós somos, nada mais nada menos, do que o somatório das nossas experiências, que se constroem com base nas aprendizagens, fruto das tentativas e erros, das decisões que tomamos a cada instante e que definem o rumo que o futuro está a tomar.

Não tenha medo de fracassar. É normal fracassar. Mas é importante que assuma que algo não está bem e que esteja realmente focado em aprender e corrigir para que a sua vida possa ser plena de concretizações.

A vida não é uma linha reta, é como um eletrocardiograma, tem pontos altos e pontos baixos. Mas isso significa que, efetivamente, estamos a viver. Se num eletrocardiograma a linha for reta estamos mortos, tal como no caminho da vida. É importante termos consciência deste percurso sinuoso, mas, mais importante ainda, é sabermos e termos a coragem de levantarmos a cabeça e seguirmos em frente quando estamos num ponto mais baixo da nossa vida. Tudo passa. Tudo vai e vem. Tudo é efémero… exceto a sua capacidade de se superar!

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