Dia 26 de maio ocorreu o processo eleitoral tão desejado pela grande parte dos partidos, pelo menos assim diziam perante os holofotes. Uns viram a oportunidade para tentar deitar abaixo o PSD e ser finalmente governo. Outros foi só mesmo para agradar o povo, não se preocupando com as consequências, quer de instabilidade quer do crescimento de outras forças. Outros numa sede insaciável de vingança focaram-se em tentar roubar eleitorado. A grande maioria cansou-se de poderes absolutos e gostava de ver mudança, novas caras e diferentes prioridades. Há um cansaço, descontentamento e preocupação com o futuro. Então o que aconteceu para não se observar a tão almejada mudança?
É uma reflexão que devemos fazer despidos/as de posições político-partidárias, de egos ou frustrações pessoais e de ambições individuais. As pessoas não querem Miguel Albuquerque e por isso não lhe deram maioria, como não dão desde 2019. Mas foi em 2023 que houve uma verdadeira oportunidade para a democracia, onde através de um acordo de incidência parlamentar, nunca antes feito, um outro partido teria influência e colocaria outras caras e outras prioridades na agenda política. Foi pelo PAN que isso foi feito, mantendo abertura para o diálogo com outros partidos nunca tendo sido refém de disciplinas de voto. Foi pelo PAN que no âmbito do processo de corrupção foi retirada a confiança política a Miguel Albuquerque e devolvida a voz às pessoas que tiveram a oportunidade para mudar, se assim o entendessem. Não foi a fantochada ensaiada do CDS nem tão pouco as moções de censura apressadas do PS e do CHEGA. E foi feito de forma responsável como deveria ser em tudo o que se faz em política.
A democracia foi posta à prova e o resultado está à vista. Sem maiorias e num cenário dependente de acordos e entendimentos, à direita e à esquerda. Afinal, ao contrário do que proclamavam os/as socialistas, os partidos pequenos fazem diferença. O PS não é alternativa enquanto tiver Cafôfo como líder e o seu programa eleitoral não passar de mero copy paste de vários partidos, aliado com uma enchente de falsas promessas.
O grande vencedor da noite foi o JPP que apesar do populismo disfarçado, é um partido de oposição que conquistou o eleitorado que temíamos que fosse para o CHEGA. Mas esqueceram-se que grandes vitórias trazem grandes desafios e maior sentido de responsabilidade. Era o momento de demonstrarem as suas capacidades, mas deixaram-se engolir pelo papão das coligações, que já demonstrou por mais do que uma vez não ser de confiança.
Aliás o BE e PCP podem agradecer ao PS a saída da Assembleia, porque aquele discurso do voto no PAN, IL, CDS e CHEGA é o mesmo que PSD só contribuiu para que fossem esses mesmos partidos os sobreviventes da noite.
Quanto aos vendidos/as e ao dar a mão, está na hora dos partidos políticos serem sérios e dizerem às pessoas que isso é democracia, é viável e é uma mudança. Relativa, mas é uma mudança e que obriga ao diálogo e trabalho entre os partidos. E é isso que se deve esperar da política. Já não é o PSD o partido disto tudo, é um conjunto de partidos que através de entendimentos aplicam as suas propostas e trabalham para a resolução de problemas.
Querer mudar, não pode ser, passar de uma maioria para outra. E não se pode ser falso ao ponto de querer dar voz ao povo para depois tentar retirá-la, como mal tentou fazer o PS e se deixou levar o JPP, que numa atitude precipitada e isolada se lançaram à ribalta demonstrando que não são ainda alternativa de governo.