Não foram em vão - nem poderão ser! - a sucessão de LUTAS de mulheres e de homens que me acodem neste texto pela memória e pelo exemplo:
Desde Lucrécia Mott e o seu apelo pela igualdade para as mulheres e para os negros; à alemã Luoisse Otto e respectiva associação geral das mulheres; passando por John Stuart e outros homens que reclamaram o direito de voto para as mulheres; ou uma Susan B. Anthony que fundou o Conselho Nacional de Mulheres, tendo como patrono Victor Hugo; às sufragistas e o movimento pelo direito de voto para a população feminina e masculina e sem discriminação racial ou de pobreza; às republicanas portuguesas, a "nossa" Ana de Castro Osório, o António José de Almeida, a Carolina Beatriz Ângelo e a Maria Veleda (a revolucionária das "revolucionárias"!), todos defensores dos DIREITOS DAS MULHERES E DAS CRIANÇAS; às mulheres de Nova Iorque em reivindicação pela igualdade salarial e condições de trabalho, carbonizadas à luz dos seus protestos...; ou às mulheres de São Petersburgo, opositoras da guerra e do czarismo, e tão determinantes na revolução Russa e na transformação da condição feminina; e a tantas outras e outros... E... claro: Às Três-Marias! Não apenas pelo testemunho dos seus actos impresso nas Novas Cartas Portuguesas, mas sobretudo pelo processo que as reuniu num projecto comum, inédito e arriscado para uma época onde a mulher era notoriamente preterida, humilhada e decalcada pela cultura machista perpetrada durante séculos - e isto custa-me assumir: - inclusive por pares do nosso género, formatadas pela educação machista e pelo clericalismo.
Ditaram a libertação da mulher portuguesa e agendaram assim - e com garantia - o futuro das gerações seguintes, onde me incluo, no que concerne ao casamento, à sexualidade, maternidade...; contribuíram - e quanto! - para que o marcelismo ruísse, assim como o patriarcado católico...
Foram um tributo essencial na evolução do pensamento feminista em Portugal! As mulheres portuguesas "começaram a falar sobre o seu corpo, sobre os seus prazeres e sofrimentos da sua relação carnal com os homens", chocando a sociedade portuguesa... até hoje, ouso dizê-lo.
O dia da mulher, tão caricaturado por tantos (e tantas) justifica-se!, enquanto houver uma única mulher vítima de segregação ou discriminação, ou de maus-tratos e violência brutal, ou de sectarização e diferenciação pelo género ou por outro elemento discriminatório, ou qualquer outra condição atentatória da sua DIGNIDADE...
No dia 8 de Março, e em cada um de todos os nossos dias!
Que sejam a revoada das esperanças e sonhos que impelem todos os Homens!
Porque "Querer-se livre é também querer livres os outros".