A encenação gorada
Na semana passada assistimos a uma tentativa de aproveitamento torpe, inqualificável e que por todos devia ser repugnada.
Era conhecida a data para que as medidas de coação a aplicar a Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia – dia 14 de fevereiro – após uns inacreditáveis 21 dias de privação da liberdade, um facto que mancha o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e desacredita a forma como o “sistema” parece funcionar.
Pois o Partido Socialista da Madeira, cujos novos dirigentes se mostram ávidos por poder, concertaram uma estratégia que fez coincidir esse dia com o da sua apresentação do respetivo programa eleitoral, com uma conferência de imprensa de Paulo Cafofo para o fim do dia e com um artigo de opinião do “senhor que manda” - Miguel Iglésias.
Miguel Iglésias, que é deputado eleito na Assembleia da República e que é novamente candidato a esse lugar nas listas socialistas pela Madeira, lançou do mais abjeto conteúdo e de um título ainda mais desqualificado, para fazer aquilo que na sua cabeça é Política!
Tenho de confessar que não me surpreende este tipo de expedientes dos quais lançaram mão Paulo Cafofo e Miguel Iglésias. É uma prática rasteira, desrespeitosa, vampiresca mesmo, de estar na política.
Procuraram o ataque fácil e o oportunismo barato, na esperança de serem aplicadas medidas de coação aos três investigados pelo juiz em Lisboa muito mais gravosas do que o que efetivamente aconteceu (o corriqueiro termo de identidade e residência para todos, com restituição imediata à liberdade).
Quiseram a todo o custo colocar-se a postos para o escarafunchar de uma situação, que se tornou na sua única motivação para a ação política. Correu tudo ao contrário.
Lamento que os socialistas estejam entregues a tamanha falta de elevação e questiono-me se os demais dirigentes estão cúmplices desta política rasteira, sem nível e desqualificante para qualquer partido?
Não existirão socialistas incomodados com estas maroscas de quinta categoria?
Não existem dirigentes do PS/Madeira perplexos com a forma como é feita a “política” socialista, encabeçada por estes dois senhores?
Que dignidade terão para representar a Madeira na Assembleia da República?
O que podem os Madeirenses esperar de quem se comporta desta maneira, atropelando e desrespeitando o mais elementar direito à defesa do bom nome, numa ânsia de serem protagonistas a qualquer custo e lançando mão de qualquer iniquidade?
As atitudes de cada um são reveladores de carater ou falta dele, de respeito ou da falta dele, de integridade e elevação ou da sua falta.
Cabe aos cidadãos tirarem as suas conclusões e fazerem as suas escolhas no dia 10 de março. Estarão a escolher quem querem para os representar!