A verdade reflete-se bem não nos vídeos publicados pela tutela, mas nas evidências e nos factos. Se não, vejamos: em junho de 2020, foi anunciada a transferência de toda a atividade do Centro de Saúde do Seixal para as instalações da antiga Escola do 1.º Ciclo daquela freguesia.
Em vésperas de eleições autárquicas, repetiu-se o anúncio desta intervenção, mas a população continuou à espera que estas obras se iniciassem e as mesmas só agora estão no terreno, antevendo-se uma inauguração, com direito a vídeo, em vésperas das eleições regionais.
Desde 1 de junho de 2022, o atendimento médico e de enfermagem da população das Achadas da Cruz foi transferido para o Centro de Saúde da Santa para que fossem efetuadas obras no Centro de Saúde daquela freguesia. O problema é que quem vive nas Achadas da Cruz continua à espera do início destas obras, enquanto os vereadores da coligação Mais Para o Porto Moniz/PPD-PSD/CDS-PP, que até exercem atividades na área da Saúde, assobiam para o lado, e nem se dão ao trabalho de interceder pelos interesses da população de uma das freguesias do concelho pelo qual foram eleitos.
As redes sociais dão destaque ao trabalho do Balcão do Cidadão por ter sido o mesmo responsável por cerca de 181 mil atendimentos em 3 anos. Nem interessa que se deduza que alguns dos atendimentos tenham a ver com pessoas que esperam e desesperam por uma consulta, um exame ou uma cirurgia. Esses números das listas de espera é que são interessantes e, infelizmente, muito menos divulgados.
Pelo mesmo meio a tutela informa que promove sessões de literacia em saúde. O que é facto é que qualquer madeirense ou porto-santense é letrado ao ponto de perceber que não é com estas sessões que serão resolvidas as "doenças" da Saúde na Madeira e no Porto Santo.
Há algumas semanas, ouvi, ainda que em surdina, da boca de uma munícipe que levou a mãe idosa ao Serviço de Urgências do Porto Moniz, que parecia lá estar em falta uma máquina de aspirar secreções em condições. É caso para perguntar: Com tanta robótica no renovado bloco operatório não ficou por lá, esquecido num cantinho, um aparelho destes que sirva a população do Porto Moniz? É que, a ser verdade, além de limitado nas horas, temos os serviços limitados em equipamentos básicos.
O SESARAM lançou uma unidade de hospitalização domiciliária e o Presidente do Governo Regional referiu ser esta uma "forma de prestar cuidados muito confortável do ponto de vista físico e psicológico". Esperem lá! Então o conforto psicológico é importante? Para todos ou para alguns? É sequer exequível pensar que esta unidade vai permitir que um utente do Porto Moniz usufrua de hospitalização domiciliária?
Foi também notícia o Centro de Simulação Clínica da Madeira com ênfase para a importância do ensino simulado, com recurso a manequins. Pela forma como a Saúde funciona na nossa Região quem recorre aos centros de Saúde e aos hospitais sente-se um autêntico boneco, não fosse o profissionalismo de quem lá trabalha (e a quem sou muito grato em meu nome e em nome da população que me elegeu).
Sem tecer comentários à divulgação da ação Direção das Políticas da Longevidade (penso que poucos sabiam que existe) ou às pequenas cirurgias em São Vicente, não posso deixar de colocar só mais esta questão: Se o IASAÚDE dispõe de duas Unidades de diálise uma delas não poderia ser, pelo menos, na Ribeira Brava?
Esta reflexão, que nem chega a ser de análise à comunicação da Secretaria Regional que tutela a Saúde (longe de mim ter a pretensão de o fazer), reporta-se apenas a meia semana de informação veiculada nos diferentes meios de comunicação e nas redes sociais. É suficiente para percebermos que o Governo Regional está mesmo a brincar com a nossa Saúde.