E continuo a saudá-lo. Não quero voltar a viver em ditadura. Amo a liberdade de pensamento e de expressão. Respeito quem defende as suas ideias, mesmo que diferentes das minhas. Esse é um dos valores da democracia que se construiu com o 25 de abril: o respeito por ideias diferentes das nossas. O respeito pela liberdade de pensamento.
Na Madeira, em casas que deveriam representar a democracia, a liberdade de opinião e o respeito por quem tem visões políticas diferentes, isso não acontece. Assiste-se a insultos despudorados e agressivos. E muita gente já acha que isso é normal. Que isso é "política". Não é! É má educação. É mentalidade ditatorial estrutural criada e promovida por um regime que governa a Região há quase 50 anos.
Convém recordar que ser deputado ou deputada significa que se representa cidadãos que acreditaram no projeto político apresentado, ocupando-se legitimamente o cargo e devendo continuar a defender-se essa visão no local para o qual se foi eleito ou eleita. Representar partidos diferentes não significa ser-se inimigo. Implica argumentar, contrapondo ideias e propostas. Podemos concordar ou não com elas, mas devemos-lhes respeito. Com o comportamento da maioria do PSD/M e do CDS, não se vê isso na ALRAM, nem na Assembleia Municipal do Funchal. Infelizmente! Governantes e deputados desprestigiam quem os elegeu e prestam um péssimo serviço à democracia.
É um facto que as pessoas têm memória curta e facilmente douram a pílula dos tempos em que Portugal viveu em opressão e repressão, achando que a democracia só traz problemas. Realmente, é mais fácil resolver qualquer problema num regime ditatorial. Veja-se a Rússia. Quem quiser expressar opinião ou questionar a guerra já tem um quadro legal à sua espera que ditará a sua prisão por 15 anos, feito há poucos dias. Simples e autocrático!
Na nossa sociedade, ainda é possível expressar opinião ou escolher democraticamente soluções para o país e seria bom que toda a gente desse valor a esse privilégio. Seria igualmente bom que ninguém esquecesse que Putin e a sua "entourage" tem investido no derrube das democracias europeias, apoiando financeiramente a extrema-direita ou a campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia. Esteve igualmente por detrás da eleição de Donald Trump. Seria importante que não esquecessem que o Chega de André Ventura mostrou grande admiração e ternura por Marine Le Pen e Matteo Salvini, fervorosos seguidores de Vladimir Putin até há dias. São partidos xenófobos, racistas e que pretendem implodir os sistemas democráticos e humanistas. Não o escondem. Seria bom que ninguém esquecesse que o PSD já se aliou ao Chega nos Açores e que Miguel Albuquerque já afirmou que não terá qualquer problema em aliar-se a eles, para não perder a maioria.
Há quem agora venha dizer que se se tivessem lido os sinais, ter-se-ia percebido que Putin nunca escondeu os seus intentos bélicos e agressores. Espero que se aprenda com o desastre que está a acontecer na Ucrânia por causa da ambição de um homem e de um regime que só pretende manter-se no poder, sem pudor, nem problemas de consciência.
Não façamos como a avestruz. Saibamos olhar e fazer escolhas.