Na sequência desta efeméride, o ambiente tornou-se, esta semana, um tema central na agenda política do Parlamento Regional.
E não faltaram os habituais eco-clichés: "somos a Região com maior sustentabilidade", "com maior compromisso com o amanhã", "a mais verde do País", "com menos emissões e poluentes", "que reduzimos a dependência energética do exterior" e uma série de chavões bonitos e muito bem polidos que não poderei replicar até porque não me dão caracteres suficientes para mais.
De facto, em fim de mandato, este Governo (e os seus fiéis subordinados que foram colocados "nos sítios certos") são cada vez mais caso típico de quem não tendo obra para apresentar, baseiam todas as estratégias políticas numa coisa que está agora muito na moda - o Greenwashing, ou propaganda verde enganosa.
Lembram aquelas publicidades das gasolineiras, com jovens sorridentes correndo pela natureza, com frases eco-inspiracionais que quase nos fazem esquecer que são eles os (co)responsáveis pela grande fatia dos gases poluentes e gases com efeito de estufa emitidos para a atmosfera.
Mas de facto, a realidade é muito diferente da propaganda.
Tentam nos vender uma Região mais inteligente, uma montra de referência em termos ambientais e tecnológicos. O que não nos dizem é que a produção energética aumenta, sim…, mas aumenta alicerçada pelos combustíveis fósseis.
Falam em grandes investimentos em energias renováveis, armazenamento de energia, eficiência energética…. Quanto custou? Qual o retorno? Relatórios e estudos viabilidade económico-financeira? Isso já não interessa! Principalmente quando temos no historial, "investimentos" tão úteis como a fábrica das algas ou a marina do Lugar de Baixo.
Tentam nos imbecilizar com as artes mágicas dos fundos comunitários que, com alguma engenharia financeira, tratará sempre de garantir o "Preço Certo" (pelo menos para o bolso de alguns).
O mesmo se passa nas nossas florestas. E tentam vender-nos a ideia do pináculo das políticas de conservação a nível mundial!
Vangloriam-se de terem gasto milhões de euros na maior limpeza de espécies invasoras de sempre. O que não nos dizem é que também gastaram dinheiro dos contribuintes para plantar espécies invasoras em ações de reflorestação.
E para aumentar o ridículo, anunciaram recentemente um projeto com mais alguns milhares de "euros comunitários", para sensibilizar a população para os impactos das plantas exóticas invasoras nos habitats naturais.
Tenho para mim que deve ser este o conceito de "Economia Circular" do Governo: gastam milhões a erradicar, verdadeiras fortunas para replantar, e, posteriormente, vêm gastar mais dinheiro público a condenar a sua plantação. Mas ninguém é responsabilizado!
O silêncio governativo perante todos estes casos ambientais é ensurdecedor. Mas este regime absolutista das últimas décadas, resulta, para o Governo, numa inexistência de pecado, o que, convenientemente, faz com que a culpa e o culpado continuem a passar pelos pingos da chuva.
Entre Ginjas, teleféricos, aterros e pedreiras ilegais, reservas naturais abandonadas e campos de golfe de milhões pintam-nos uma "Região verde" e continuam a tentar imbecilizar-nos com a propaganda verde. Mas talvez um dia comecem a Governar… e, quiçá, pensem em investir em conservação e sustentabilidade.