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Artigo de Opinião

2/10/2023 07:35

Desde o início que reiterámos repetidamente que o voto que mudava a Madeira era no PS. A história de 2019 repete-se e os votos dispersos em partidos mais pequenos voltam a segurar uma maioria parlamentar que não permite a mudança efetiva da Região.

Ainda assim, é importante valorizar quem foi votar e saber que é a sua vontade que será exposta no próximo parlamento regional. Um parlamento que não terá maioria parlamentar entre PSD/CDS, um aspeto muito importante para aquilo que tem sido a tendência dos últimos anos.

O PAN sai destas eleições como o CDS saiu das eleições de 2019 e que faz com que hoje esteja a lutar pela sua sobrevivência, com receio de se sujeitar ao eleitorado. O PAN demonstrou que, na primeira oportunidade para fazer a diferença, optou por trair a confiança de quem lhe depositou o voto.

Quem votou PAN, certamente não imaginaria que o seu voto seria a favor do governo PSD/CDS. Mas a verdade é que os alertas existiam já há algum tempo. Em 2019 o cabeça de lista do PAN, que não foi eleito, acabou por ser entachado por Albuquerque, tendo sido nomeado provedor do animal. Em 2023, a pouco mais de 1 mês das eleições, expulsam o cabeça de lista, que claramente não aceitaria esta solução, para assegurar uma liderança maleável que, em caso de desespero, garante mais uma deputada para a maioria PSD/CDS em troca de meras trivialidades.

Este acordo é uma nódoa para o PAN, que deitou por terra o poder que poderia ter, juntamente com os restantes partidos da oposição, para obrigar o Governo Regional a negociar no Parlamento e a fazer passar muito mais do que as meras trivialidades que exigiu.

Isto apesar de Albuquerque ter dito, com todas as letras, que se demitiria caso não obtivesse uma maioria absoluta. Esta questão da demissão, naturalmente foi provocada única e exclusivamente pelo próprio. Já todos sabíamos que Albuquerque estava a mentir. A um mentiroso é necessário um pouco mais de habilidade e não se pode exigir tudo para alguns, mas ser tolerante para com o presidente do governo.

As incoerências com a formação do governo já começaram. Tentam passar uma ideia de que há contenção de custos com a diminuição de secretarias, mas simultaneamente anunciam um aumento de elementos para os Conselhos de Administração das Sociedades de Desenvolvimento.

Por outro lado, Albuquerque refere que terá um governo mais funcional, mas o argumento parece cair por terra quando verificamos que o Mar e Pescas, anteriormente tutelados por Teófilo Cunha do CDS, ficam agora com o Secretário da Economia Rui Barreto, por sinal, também do CDS. Ou seja, não estamos perante uma estruturação com vista à eficácia para uma melhor governação, estamos sim perante uma estruturação que visa uma maior eficácia para o controlo dos nomeados políticos do CDS, que ficam todos na alçada do líder do CDS.

O PS continuará a mostrar as soluções, certos de que temos as melhores propostas para o desenvolvimento regional, como se tornou por demais evidente durante a última campanha em que fomos flagrantemente copiados nas promessas eleitorais exibidas na rua. E com curiosidade para saber como serão votadas nesta legislatura, mantendo a ténue expetativa de que PSD/CDS/PAN não sejam apenas uma renovada força de bloqueio ao futuro da Madeira.

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