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Artigo de Opinião

6/09/2024 07:00

Uma das piores coisas que uma comunidade pode passar, é chegar a um ponto de desencanto onde não encontra algo que lhe dê fé no futuro.

O objectivo de uma sociedade não pode ser pequenino. Por exemplo, não pode viver num imediatismo que, mesmo que renda votos, só vai funcionando porque as alternativas posicionam-se ainda piores.

O objectivo da Política com “p” grande, da Política a sério, é a transformação de uma sociedade para melhor.

O que não se faz ao correr das coisas. É preciso, de antemão, saber o que se quer.

Se apenas se quer o poder, isto nada é em termos de futuro melhor. Pelo que é preciso encontrar soluções. Mesmo que estas para já não estejam à mão, e muito menos descortináveis.

E maiores são as dificuldades quando, até por consentimento de uma Constituição imperfeitíssima, a Democracia evoluiu para partidocracia. O poder do Povo soberano, sem que Este dê por isso, transfere-se na prática para os Partidos políticos, na medida em que, fora Destes, nuns casos é impossível ser candidato a um cargo político; noutros, quase impossível com sucesso.

Ora, percebendo-se que o Sistema mudou de Democracia para partidocracia. Percebendo-se que o Poder já não está no Povo, mas nos Partidos, este são objecto de todas as manobras anti-éticas.

Assim, entre outras, estas duas mais evidentes.

Uma. Acorrem à inscrição partidária, já não tanto os que ideologicamente pretendiam ajudar a construir o modelo de sociedade em que acreditam, mas bandos de oportunistas sedentos de dinheiro, “tachos” e poder.

Outra. Porque o Poder está nos Partidos - sobretudo quando se vive em parlamentarismo e não em presidencialismo - então é um vale-tudo para os respectivos dirigentes conseguirem manter o controlo interno da respectiva organização.

Desta forma são recrutados e pagos mercenários, a troco de moeda ou de favores, para manter essas direcções partidárias.

Mesmo que tais engajados sejam eleitores de outros Partidos. É que tais contratados não só estão a ganhar algo, mas também, assim, estão a ajudar à destruição, por dentro, de um Partido que não é o da sua simpatia.

E veja-se que tudo isto medra nas sociedades onde o verdadeiro poder político, parcial ou totalmente, nem está à vista da comunidade. Só que se exerce sobre a própria “classe política”, propositadamente mediocratizada.

E exerce-se tanto mais forte, quanto o Sistema Político, desta forma conquistado, veio conseguindo afastar a Ética e as Pessoas de Bem, para os “poderes ocultos” afirmarem o peso da sua decisão em toda a latitude e longitude. E fazem-no, reconheça-se, de maneira irrefutavelmente inteligente. Até porque têm Quadros melhores do que aqueles que a actual “classe política” consegue atrair.

Por uma razão. Porque o Sistema está montado para pagar mal às carreiras políticas. Logo, salvo honrosas e boas excepções, urdiu-se uma teia siciliana onde, em vez de um Estado Social assente nas Liberdades, na intervenção corrigenda do Estado, na Ciência e na iniciativa privada, termos o triunfo do capitalismo selvagem.

Capitalismo selvagem que, desta forma alicerçado, prolonga-se no tempo e prolonga as instituições sociais através do estabelecimento maquiavélico de subsídio-dependências de Pessoas e de Empresas.

Não é fácil desmontar uma coisa destas por via pacífica e democrática.

Porém, a História prova que quando uma sociedade, para substituir uma Situação que não serve, se mete por caminhos radicais que são o terreno apetecido da extrema-direita e das organizações comunistas, o resultado foi SEMPRE menos Liberdade, pior Qualidade de Vida e mais Obscurantismo.

Qualquer projecto alternativo para a necessária evolução democrática de uma sociedade, tem de estar claro nos seus Valores, Princípios e Objectivos. Muito diferente do que fazer um “programa de Governo”.

Só assim esse projecto tem condições para indispensavelmente mobilizar todas as diversas e diferentes opções sinceramente democráticas.

E politicamente descentralizantes, porque é esta a forma de uma verdadeira devolução do Poder ao Povo Soberano.

Logicamente que só desta maneira é possível suscitar-se uma mobilização popular crescente, plural e interessante para os próprios Quadros que, por enquanto, tragicamente adormecidos no conforto burguês.

Sobretudo, isto só é concretizável num plano de Consensualidade. Que, sim senhor, é sempre politicamente frágil, mas é necessário não termos esse receio.

Sei que Consenso alargado não é fácil em meios onde maus hábitos conflitantes de gerações não ajudam.

Mas não há que ter medo de pensar em grande.

Porque o futuro só é melhor quando não somos tímidos e não nos rendemos às limitações que existem.

É este o caminho por onde possível atalhar.

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