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Artigo de Opinião

9/02/2024 08:00

Não há como contrariar: o PSD-M foi atropelado por uma crise da dimensão de um avião militar. De um momento para outro, o partido foi associado a uma investigação criminal, com consequências políticas inauditas.

Mas as crises são, simultaneamente, momentos de oportunidade. As adversidades trazem possibilidades de mudança positiva e períodos de crescimento. Permitem reavaliar as prioridades e ajudam promover a resiliência. Facilitam e estimulam a renovação.

Nada do que digo é novo: já os gregos sabiam que a “krísis”, que significa “separação” ou “julgamento” é, igualmente, um momento de decisão.

Na filosofia grega, o conceito está intimamente associado à ideia de discernimento ético. A crise era vista como um momento de avaliação moral, onde as escolhas atestariam, ou resistiriam, aos valores, aos princípios e ao caráter.

Na “República”, de Platão, crise surge associada às discussões sobre a justiça, a virtude e o governo ideal. Aristóteles discorreu, igualmente, sobre a importância de fazer escolhas virtuosas nos momentos críticos, de forma a alcançar a “Eudemonia”, ou seja, a felicidade assente na realização e na plenitude, que favorece o desenvolvimento de todo o potencial humano.

Ora, em meu entender, é este o caminho que o PSD-M, as suas bases e as suas elites, devem percorrer. Fazer escolhas virtuosas, aceitar e facilitar a justiça, mostrar os valores e princípios em que assenta a sua prática, a sua história e a sua matriz programática e identitária. Em nome de uma governação, se não ideal, pelo menos tão competente, tão séria, tão eficaz e eficiente quanto possível. Em nome do futuro, terá de reforçar a prática de princípios assentes na boa governança, como a transparência, a responsabilidade, a ética, a promoção da participação, a defesa intransigente do Estado de Direito.

O tempo não é para lamentos, estados de alma, vergonha ou letargias paralisadoras. Ninguém gosta de ver suspeitos na sua família. Mas a ocasião exige ação, superação e uma atitude positiva. Apenas são derrotados aqueles que não se arriscam a lutar e o desânimo não traz resultados nem é eficaz no combate político. Neste momento, se há algo que o PSD-M deve fazer é mostrar a sua resiliência, a qualidade dos seus quadros, o seu otimismo, a combatividade aliada à criatividade, a capacidade concretizadora, a ambição que, ao longo de 48 anos de governo, possibilitou um desenvolvimento e progresso ímpares em Portugal e mesmo na Europa Ocidental.

Mas é essencial que se aproveite este momento para modernizar e reciclar o discurso, as causas e as políticas. Para mim, não é tanto as pessoas que importa mudar ou renovar. Há gente de qualidade, competente e preparada de todas as gerações. De todos os estratos sociais. De todas as tendências políticas internas. Provenientes de diversos sectores da sociedade. O que é fundamental é que o partido saiba ser agregador, mas disruptivo, conciliador, mas irreverente. É vital que abra espaço para mais participação, que seja atrativo para os jovens, para a classe média, para os mais desfavorecidos e para aqueles que vivem nas margens da sociedade e da economia.

Às causas tradicionais, de desenvolvimento, de progresso económico, de emprego, de coesão social, de aposta na saúde e na educação, de infraestruturação, terá de mostrar estar na vanguarda da defesa da igualdade, da justiça social, dos direitos humanos, da sustentabilidade e ambiente, da inovação e tecnologia.

No momento em que o PSD-M parece desacreditado perante os eleitores, é fundamental que saiba mostrar que este é o partido da concretização, do desenvolvimento integral, da prosperidade.

O sucesso do PSD-M sempre passou muito por saber devolver a esperança à população. Hoje, mais do que nunca, isso é essencial. Pelo Partido, mas fundamentalmente pela Madeira e pelos Madeirenses. É o futuro desta terra que está em causa. O futuro dos nossos filhos. Por isso, não é tempo de olhar a amizades e lealdades de grupo. Não é tempo de lamber feridas. A prioridade deve estar no arrepiar caminho, com orgulho do passado, mas de olhos postos no futuro.

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