Esta foi a décima terceira vez que os madeirenses foram chamados à boca das urnas por forma a elegerem os seus representantes na Assembleia Regional.
Decorria o ano de 1976 e os madeirenses foram a votos pela primeira vez, com 6 partidos políticos candidatos, onde 107.265 madeirenses exerceram o seu direito de voto e deram uma maioria absoluta de 59,63% ao PPD, que elegeu 29 dos 41 deputados à Assembleia Regional - deram a maioria absoluta ao Dr. Alberto João Jardim. Este soube honrar o compromisso feito com os madeirenses e estes de forma democrática voltaram a dar-lhe mais 9 maiorias absolutas consecutivas, que exerceu orgulhando a terra que o viu nascer, lutando ferozmente pelo bem-estar de uma Madeira mais moderna, desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento regional, enfatizando a nossa autonomia e colocando a Madeira no centro do mundo. O Dr. Alberto João Jardim chegou a ter uma maioria de 67,65% dos votos, em 1984, onde elegeu 40 deputados. Em 2007 e após arrufo com José Sócrates, com 7 partidos candidatos, ganhou uma maioria absoluta de 64,24% dos votos, elegendo 33 deputados - um feito inigualável. Os madeirenses confiaram a este homem 39 anos de governação com maiorias absolutas que lhe permitiram trabalhar e dignificar a confiança que lhe foi atribuída, com obra feita em prol dos madeirenses.
Mas a era do Dr. Alberto João Jardim acabou e com ele terminaram as maiorias absolutas confortáveis. A Madeira continua uma linha de governação séria e assertiva que se destaca do panorama nacional atual, continuando uma trajetória de direita, rumo ao desenvolvimento e à prosperidade. Contrariamente ao que se tem vindo a passar na cena política nacional, onde a maioria absoluta socialista representa o caos de uma governação pobre, de exaltação de estatísticas que não pagam contas aos portugueses que estão cada vez mais pobres e à mercê da esmola socialista, apoiada por fracos partidos de esquerda que ainda querem dar lições à Madeira na arte de bem governar - chega a ser anedótico.
A política portuguesa mudou - acompanhando as tendências políticas europeias e o que assistimos no domingo na Madeira foi o acompanhar destas tendências, a fragmentação politica onde surgem novos partidos a pôr um fim no sistema bipartidário que estávamos habituados em Portugal, a ascensão do populismo, o ressurgimento do nacionalismo, tudo isto resultou numa pluralidade de ideologias e uma representação mais diversificada, representando um novo desafio na governação na Madeira.
A maioria absoluta parlamentar foi ontem encontrada e a Madeira passará a ser governada a três. Momento novo na política regional - irá com certeza representar desafios que a Madeira não estava habituada.
O que não entendo ou aceito é que não existiu da parte de nenhum partido politico a tentativa de incluir os madeirenses não residentes (ditos emigrantes) no panorama eleitoral. Ficamos completamente isolados e embrulhados na percentagem da abstenção. Coligações com outros partidos, quando poderiam apostar no voto da emigração. A lei eleitoral necessita ser alterada por forma a acomodar os votos da emigração em todas as esferas eleitorais, viabilizando o voto eletrónico (chega de ensaios e experiências piloto). O emigrante madeirense que envia as suas poupanças para a região, o emigrante madeirense que investe com ânimo na sua terra, o emigrante madeirense que paga impostos na região também quer ter voz na altura das eleições. Representamos o deputado que faltou para a maioria absoluta, já por si coligada. Somos uma voz que não nos deixam ouvir, somos valor que não deixam acrescentar. Não nos sentimos representados pelos 3 (+1) deputados que representam os milhões de emigrantes portugueses pelo mundo na Assembleia da República. O deputado que faltou para a maioria absoluta eramos nós, os emigrantes.