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Artigo de Opinião

Comunicação - Assuntos da UE

5/10/2022 08:00

Não há como negar, a electrificação será a principal tecnologia para a descarbonização do transporte rodoviário ligeiro. Contudo, os recentes desenvolvimentos geopolíticos vieram pôr a nu as incertezas relacionadas à electrificação total dos automóveis novos até 2035.

Um relatório da J.P. Morgan estima que, até 2025, 30% de todas as vendas de carros serão de VE e veículos eléctricos híbridos. Contudo, continua a deixar os veículos com motor de combustão interna com cerca de 70% da quota de mercado - carros que estarão nas ruas durante muitos anos.

A paisagem geopolítica mudou drasticamente, com implicações nas dependências da energia e das matérias-primas. Isto é passível de ter um impacto na rapidez e eficiência económica da electrificação da nova frota de veículos ligeiros. Em particular: o aumento dos preços das matérias-primas para baterias e as restrições de abastecimento irão pôr em risco a disponibilidade de automóveis a preços acessíveis para muitos cidadãos e, por conseguinte, atrasar a rotação da frota; o acesso às matérias-primas necessárias para as baterias é um desafio pois estes são exportados de países terceiros criando assim dependências na UE; o desenvolvimento de infra-estruturas de recarga na UE está a aumentar, mas ainda não está garantida uma rede de recarga suficientemente densa. Isto leva a que muitos condutores hesitem a mudar em prol da electromobilidade.

Ora se temos outras tecnologias além da electrificação, que podem ajudar a Europa a chegar ao seu objectivo de ser climaticamente neutra em 2050, enquanto se dão alternativas aos consumidores, permitindo que continuem a conduzir o seu carro atual com biocombustíveis e reduzindo a sua pegada de carbono na mesma, porque não o fazer?

Uma vez que a transição para uma mobilidade totalmente eléctrica será progressiva, os biocombustíveis sustentáveis e os combustíveis renováveis são uma solução fiável para reduzir as emissões do sector dos transportes a curto, médio e longo prazo, assegurando ao mesmo tempo a utilização da frota já existente e das infra-estruturas.

Segundo dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis, a idade média dos veículos comerciais ligeiros em Portugal é 13,2 anos, com compra de carros em segunda mão a chegar aos 40% em 2020. De acordo com um estudo da consultora estúdio Gear Up, nos países ocidentais da UE, 40% a 60% da população não pode comprar um carro novo. O que é que isso significa? Significa que uma grande parte da população desses países (Portugal incluído) depende de veículos em segunda mão para as suas necessidades de mobilidade.

Estes cidadãos não podem ser prejudicados por não terem poder de compra para adquirir um carro eléctrico. Também eles devem ter a oportunidade de reduzir a sua pegada de CO2. Isso só se consegue aumentando a utilização de biocombustíveis nos seus veículos de motor de combustão interna, providenciando assim diferentes alternativas amigas do ambiente e assegurando que o transporte sustentável é acessível a todos.

Ninguém deve ser deixado para trás na transição energética. Esta prioritização da mobilidade eléctrica é descabida quando há outras alternativas que devem ser usadas para complementar a electromobilidade. Pôr todos os ovos num só cesto não é a solução quando o desafio é uma Europa climaticamente neutra em menos de 30 anos.

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