Na semana passada, o Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia expressou num relatório, que a União Europeia necessita de implementar políticas proactivas se quiser alavancar o seu sector da bioeconomia para ajudar o bloco a cumprir os seus objectivos climáticos. O cenário mais promissor exigiria "mudanças radicais" tanto na oferta como na procura de produtos de base biológica, e "um Green Deal mais ambicioso pós-2030" com um aumento do investimento no sector da bioeconomia.
E é aqui que Portugal entra e poderá afirmar-se como líder europeu na bioeconomia. Pequeno em tamanho, mas grande em tudo o resto! Recentemente, o Bio-based Industries Consortium, associação europeia baseada em Bruxelas, lançou um relatório identificando as oportunidades que Portugal tem ao seu dispor para conduzir a Europa na transição para a bioeconomia. Em suma, este documento conclui que "Portugal tem o poder económico, a inovação e matéria-prima de biomassa necessária para expandir rapidamente as actividades industriais de base biológica a nível regional e nacional e tornar-se um parceiro forte na bioeconomia europeia".
Além do clima e da variedade de ecosistemas presentes na parte continental do país, temos ainda a Região Autónoma dos Açores e da Madeira que contribuem largamente para a biodiversidade do país. Também beneficiando da posição geográfica da Madeira e dos Açores, possuímos uma larga zona económica exclusiva, que inclui uma porção considerável do Oceano Atlântico Centro-Norte. Em termos de produção vegetal, o Norte, Centro e Alentejo são as principais regiões agrícolas e ocupam a maior parte de quase todas as principais culturas, com algumas excepções. Por exemplo, o Algarve é a principal região para os citrinos, e a Madeira produz a maior porção dos frutos tropicais.
As indústrias agro-alimentar, florestal, marinha (pesca, algas e aquacultura) e química estão entre os fortes motores da economia portuguesa. Tudo isto combinado, em termos de volume de negócios, já contribui com quase 20 milhões de euros para a bioeconomia do país anualmente.
O relatório refere ainda as diferentes estratégias regionais que incluem alguns elementos da bioeconomia como prioridades de especialização inteligente, tendo a economia azul como tema recorrente. No caso da Madeira, a estratégia foca-se na bio-sustentabilidade marítima, aponta o documento.
O potencial de Portugal como um todo é enormíssimo. Se os países e governos estão de facto focados no combate às alterações climáticas, é necessário pôr o pé no acelerador rumo a esta nova realidade económica. Não são só precisas políticas de incentivo para empresas e cidadãos, mas é também importante aumentar a sensibilização e ajudar os consumidores a tomar decisões de consumo sustentável. Só assim se conseguirá assegurar um crescimento verde inteligente que incentive os restantes países europeus a seguir a liderança portuguesa neste sector, permitindo impulsionar a economia e ajudar o planeta.